Palhinhas de plástico: o que andam os portugueses a fazer para salvar o planeta?

Há cerca de um mês o Governo anunciou que pretende proibir, já no próximo ano, a comercialização de palhinhas e cotonetes, antecipando assim a diretiva europeia que visa retirar este tipo de produtos descartáveis das prateleiras dos supermercados até 2021. Focando-nos apenas no caso concreto das palhinhas de plástico, fomos ver o que andam os centros comerciais e cadeias de restaurantes em Portugal a fazer para atingir este objetivo.

Nos centros comerciais do grupo Sonae Sierra, do qual fazem parte, por exemplo, o Centro Vasco da Gama, AlgarveShopping e MaiaShopping, os responsáveis depositam todas as palhinhas de plástico utilizadas pelos restaurantes no resíduo dos plásticos (pode ver, ao detalhe, o que cada centro comercial e restaurante faz na galeria de imagens no topo do texto).

Em todos estes espaços comerciais existem dezenas de restaurantes. A decisão de continuar a usar, ou não, palhinhas de plástico depende dos responsáveis de cada espaço de restauração. Na Padaria Portuguesa, que tem mais de 60 lojas só na grande Lisboa, ainda se utilizam palhinhas de plástico, mas prometem que não será por muito mais tempo.

“No que diz respeito à questão concreta das palhinhas de plástico estamos, de facto, desde há algum tempo a estudar uma série de questões relacionadas com o packaging, de forma a encontrar as melhores soluções para eliminar não só as palhinhas, mas também outros elementos onde o plástico é utilizado“, explicou ao Delas.pt Rita Neto, diretora de marketing e comunicação da Padaria Portuguesa.

O mesmo acontece no McDonald’s Portugal, que garante estar a trabalhar, a nível global, para encontrar soluções alternativas, uma vez que se assume como empresa socialmente responsável, com compromisso com o ambiente e sustentabilidade.

“Estamos a analisar as várias alternativas existentes no mercado para as substituirmos definitivamente”, garante o grupo H3

“Esta é uma das iniciativas em que estamos empenhados, de modo a conseguir garantir que 100% das nossas embalagens serão provenientes de fontes renováveis, recicladas ou certificadas até 2025, conforme o compromisso mundial assumido pela nossa marca, no âmbito da iniciativa Scale For Good, que abrange diferentes áreas de atividade”, afirmaram os responsáveis pelo McDonald’s Portugal.

Já os restaurantes do grupo H3 estão um passo à frente dos exemplos anteriores e não distribuem, espontaneamente, palhinhas de plástico nas lojas nem no takeaway.

“Além disso estamos a analisar as várias alternativas existentes no mercado para as substituirmos definitivamente o mais depressa possível”, disse Nuno Costa, do departamento de comunicação e marketing do grupo H3.

Movimento Sem Palhinhas

Em abril do ano passado, Inês Gonçalves, de 37 anos, decidiu pôr em prática uma ideia que guardava há algum tempo e criou o Movimento Sem Palhinhas, um grupo de cidadãos voluntários, espalhados por todo o país, que tem como missão sensibilizar todos para o impacto que as palhinhas de plástico têm no meio ambiente.

“Estamos em Lisboa, mas temos voluntários em Viseu, Trás-os-Montes, Caldas e já fizemos uma iniciativa em parceria com a Direção-Geral do Ambiente dos Açores, que correu muito bem”, recorda Inês Gonçalves.

“Temos visto imensas mudanças, as pessoas e os estabelecimentos estão muito mais sensibilizados.”

O rescaldo deste primeiro ano do Movimento Sem Palhinhas, para a fundadora, não podia ser melhor. Além de terem feito muitos eventos de limpeza e sensibilização, conseguiram fazer sorteios online de palhinhas reutilizáveis e convencer estabelecimentos por todo o país a abandonar as palhinhas de plástico. Entre eles estão o Bar Côcos e o Restaurante Tibino, na Foz do Arelho, e mais recentemente os restaurantes O Prego da Peixaria, que passaram a usar palhinhas de trigo.

“Temos visto imensas mudanças, as pessoas e os estabelecimentos estão muito mais sensibilizados. Já há estabelecimentos que, por si próprios, tomaram a iniciativa de não fornecer palhinhas ou dar alternativas“, sublinhou a fundadora do Movimento Sem Palhinhas.

O português que fabrica palhinhas de massa

Não faltam alternativas às palhinhas de plástico. Às opções de vidro, trigo, inox, bambu, papel ou goma vêm agora juntar-se as palhinhas de massa, com assinatura portuguesa. Luís Barroca Monteiro, de 41 anos, avançou com a marca Palhinha de Massa depois de passar cinco anos a pensar, em conjunto com a mulher, em alternativas ao plástico. Chegaram à conclusão que a massa era a melhor opção a nível ambiental, de qualidade e de preço.

“A reação tem sido fantástica. É de facto muito gratificante receber tantos elogios e tantas pessoas interessadas em ver e contribuir para que este projeto vingue. Por outro lado, também é muito bom constatar que os cafés e restaurantes que nos compram as palhinhas repetem a compra, o que é sinal que estão satisfeitos com o nosso produto”, ressalvou Luís Barroca Monteiro.

Os maiores clientes da Palhinha de Massa são cafés, restaurantes e hotéis. O Restaurante Hífen, em Cascais, o Hotel Inspira Santa Marta, em Lisboa, o Restaurante Vagas, em Matosinhos, e o Pub Prince Albert, na Madeira, são alguns dos estabelecimentos onde pode encontrar estas palhinhas de massa.

“Gostaríamos de, no final do ano, constatar que contribuímos para que meio milhão de palhinhas de plástico tenham deixado de ser utilizadas.”

“Foi a pensar neste perfil de cliente que todo este projeto foi trabalhado, pois são eles os verdadeiros consumidores de palhinhas. Costumo inclusivamente dar o meu exemplo pessoal para explicar isto. Lá em casa temos 5 filhos e gostamos de fazer as suas festas de aniversário em casa, altura onde se consomem mais palhinhas. Ainda assim, não consumimos mais de 100 palhinhas por ano. Temos clientes que consomem mais do que isso por dia”, afirmou o fundador da Palhinha de Massa.

O maior objetivo deste ano para a marca é passar a ser reconhecida em Portugal como uma das alternativas amigas do ambiente e uma boa opção para cafés, hotéis e restaurantes.

“Do ponto de vista de substituição de palhinhas de plástico, gostaríamos de, no final do ano, constatar que contribuímos para que meio milhão de palhinhas de plástico tenham deixado de ser utilizadas e substituídas pelas nossas“, acrescentou Luís Barroca Monteiro.

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