Pandemia deixou quase 41 mil crianças órfãs de mãe no Brasil

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[Fotografia: Pexels/ Kristina Paukshtite]

Fixe este número: 40.830. Esta é a totalidade de crianças e adolescentes até aos 18 anos que terão pedido a mãe devido à pandemia provocada pela covid-19, em 2021, no Brasil.

As estimativas foram apresentadas a meio deste mês num estudo realizado por investigadores da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade de Minas Gerais e que resultaram da análise do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), em 2020 e 2021, e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) entre 2003 e 2020.

Para os investigadores, estas mortes deveram-se a atrasos na tomada de medidas para controlo da doença, tendo feito crescer o número de mortes evitáveis no Brasil, como descreveram no estudo publicado na Archives of Public Health e que pode ser lido no original aqui.

Segundo a equipa de investigação, “o número de órfãos foi calculado mediante o número de mortes femininas por COVID-19 e as taxas de fertilidade” e concluiu que, “além disso, o número de órfãos de um ou ambos os pais entre março de 2020 e outubro de 2021, foi estimado em aproximadamente 170 mil crianças menores de 18 anos, no Brasil.

Em declarações à imprensa brasileira, o coautor do estudo e coordenador do Observatório de Saúde na Infância, iniciativa da Fiocruz com a Faculdade de Medicina de Petrópolis do Centro Arthur de Sá Earp Neto (Unifase), Cristiano Boccolini pediu medida públicas urgentes para acompanhar estas crianças.

“Considerando a crise sanitária e económica instalada no país, com o regresso da fome, o aumento da insegurança alimentar, o crescimento do desemprego, a intensificação da precarização do trabalho e a crescente procura dos programas sociais, é urgente a mobilização da sociedade para proteção da infância, com atenção prioritária a este grupo de 40.830 crianças e adolescentes que perderam as mães devido à covid-19 nos dois primeiros anos da pandemia”, afirmou.

“Por cada mil bebés nascidos vivos, uma mãe morreu no Brasil nos dois primeiros anos da pandemia”, contextualizou o especialista. Desde o início da pandemia, há quase três anos, o Brasil acumulou 36 milhões 124 mil e 337 infeções e 692 mil e 743 mortes ligadas à doença, sendo um dos países do mundo mais afetados pela pandemia, segundo dados oficiais.