Pandemia e ficção nacional: “Ficaram muitos beijos por dar”

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A covid-19 obrigou o mundo a reorganizar-se e a ficção não escapou a esta realidade. Pelo contrário, teve de se adaptar e de cortar, até ao osso e no limite do possível os beijos, os abraços, as cenas íntimas entre personagens e até os murros.

“Ficaram muitos beijos por dar em Terra Brava”, suspira Inês Gomes. “Foi especialmente difícil porque já estava muita coisa escrita e teve de ser revista. A fechar a história, só consegui mesmo os beijos e abraços finais, só mesmo o essencial, se não a história não ficava bem contada”, diz a argumentista da SIC.

Esta era, aliás, a sequência de gravação, como aconteceu com Mariana Monteiro, protagonista da novela Terra Brava, em exibição na SIC. Atualmente, fonte da produtora explica que em cenas desta natureza é feita a testagem no dia anterior, e só mediante testes negativos é que prosseguem.

Maria João Costa fala do risco de as novelas se tornarem desapaixonadas com as restrições. “O que fizemos em Amar Demais foi reduzir o número de cenas evitando contactos entre os atores, e não apenas as de foro íntimo”, porque, “sem qualquer interação pessoal, a novela correria o risco de se tornar asséptica”.

“Pesadelo logístico”, resume Ana Casaca. “A produção foi redefinida chá semanas em que só se gravam beijos, abraços, murros até porque é a forma de garantir toda a segurança”, diz a autora que foi terrível ter de encontrar substitutos para estes gestos, deixando apenas ficar o essencial.

Das quatro autoras, Maria João Mira é a que, em Bem Me Quer, não terá feito um corte tão radical. “Do que me apercebi até agora, não ficou nenhum por dar”, sorri. “A produção tem feito um trabalho notável, os atores são testados antes de fazerem cenas de contacto físicos e a planificação da gravação passou a ser feita de forma diferente: os abraços, beijos, murros passaram a estar agrupados todos no mesmo dia”.