Aprenda a detetar páginas falsas nas redes sociais

Há duas semanas começou a circular no Facebook uma publicação que afirmava que a companhia aérea easyJet estava a oferecer dois bilhetes grátis a cada pessoa que partilhasse essa mesma publicação. O objetivo? Celebrar o 22º aniversário. Como todos querem ganhar viagens gratuitas e não custa nada fazer uma simples partilha no Facebook, a campanha foi amplamente partilhada na rede social. Poucas horas depois, os responsáveis pela companhia aérea britânica recorreram ao Twitter para alertar que a iniciativa era falsa. Mas esta quarta-feira, dia 30 de agosto, o fenómeno voltou a repetir-se. Desta vez no Instagram e com a marca de roupa Zara.

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Uma conta com o username @zaraoficialpt, agora desativada (pode ver o aspeto que a página tinha na imagem abaixo), garantia ser a nova página oficial da marca em Portugal e, para comemorar a chegada da Zara ao Instagram, estava a oferecer um vale de 250 euros para os primeiros 30 mil seguidores da página – o equivalente a 7,5 milhões de euros em compras. Para ganhar o tal vale, cada utilizador apenas tinha de seguir a página e divulgá-la nos Instagram Stories da sua conta pessoal na rede social.

 

Zara

Ao final da tarde de quarta-feira, depois de estar apenas dois dias online (data da primeira publicação), a página já tinha angariado mais de 18 mil seguidores. Nos Instagram Stories mentiam, afirmando que já tinham atribuído mais de 50 vales (na galeria de imagens acima pode ver algumas dicas de Miguel Raposo, gestor de redes sociais, para aprender a detetar páginas e emails falsos).

Zara
Instagram Stories com as promessas da falsa conta da Zara

A onda de partilhas só terminou quando vários órgãos de comunicação social vieram divulgar que o grupo Inditex, ao qual pertence a Zara, não só se desmarcava de qualquer promoção como revelava que não era a primeira vez que uma situação destas acontecia. Nem os alertas de outros utilizadores do Instagram mais experientes (como pode ver na imagem abaixo) acalmaram a ânsia de ganhar um vale de compras. O mesmo já aconteceu com marcas como a Ryanair, FNAC e Worten. O que pretende quem está por trás destas páginas?

Zara
Uma das imagens partilhada por um utilizador de Instagram que tentou alertar os restantes para a página falsa

“No Instagram é muito fácil mudar o nome da página. Basicamente alguém cria estas contas, angaria uns 50 mil ‘gostos’ e muda de nome. Depois as pessoas nem se apercebem que já são fãs daquela página porque mudou de nome e passou a ser outra coisa qualquer”, explica ao Delas.pt Miguel Raposo, gestor de redes sociais.

Quais as consequências para marcas e pessoas que partilham estas campanhas?

Para as marcas, não costuma haver consequências negativas desde que venham a público assumir que nada têm a ver com a campanha.

“Qualquer pessoa pode organizar uma fraude com uma marca qualquer ou até com o nosso próprio nome. A marca não tem culpa direta porque não incentivou nem fez nada para que as coisas chegassem a esse ponto. As marcas grandes devem ter um bom departamento digital e estarem atentas a quem fala da marca para perceberem se está a passar-se alguma coisa de errado e pararem logo com esses fenómenos”, afirma o gestor de redes sociais.

“Normalmente concordamos em dar todos os nossos dados”

No que toca aos utilizadores das redes sociais que partilham este tipo de páginas e campanhas, as consequências podem ser bem diferentes. Enquanto no Instagram acabam apenas por ficar a seguir uma conta que mais tarde muda de nome e com a qual, provavelmente, nem se identificam, no Facebook cedem dados pessoais.

“O único problema é que ao gostarmos de uma página, principalmente se for no Facebook, normalmente concordamos em dar todos os nossos dados, ou seja, a marca pode ficar a saber onde moramos e com os nossos contactos, atacando-nos com campanhas. Mas isso não é grave porque, por enquanto, não estamos a falar de fraudes, estamos só a falar de angariação de novos ‘gostos'”, sublinha o autor do livro Torna-te um Guru das Redes Sociais.