Uma nova exposição de Paula Rego, com trabalhos em pintura, desenho e gravura, alguns deles nunca apresentados anteriormente, vai estar patente ao público entre 4 de novembro e 19 de junho de 2022, na Casa das Histórias, em Cascais.
Serão exibidas obras da coleção iniciada em 2009, ano de abertura do museu em Cascais, apresentando algumas peças pela primeira vez ao público.
O anúncio foi feito hoje pela Fundação D. Luís I, que organiza esta mostra em parceria com a Câmara Municipal de Cascais, no âmbito da programação do Bairro dos Museus.
Com curadoria de Catarina Alfaro, esta nova exposição estende-se ao longo de sete salas e reflete grande parte do percurso criativo da artista, explicam os organizadores.
De acordo com a curadora, esta coleção tem vindo a “assumir-se, no contexto nacional e internacional, como uma das mais significantes para o conhecimento da obra da artista”.
A coleção é composta pela totalidade da sua obra gravada – e por ela doada – e por mais de duas centenas de desenhos, albergando ainda obras de colecionadores particulares e públicos a título de depósito no museu monográfico dedicado a Paula Rego.
“A Coleção CHPR é composta maioritariamente por obras realizadas nos anos 1980. Durante esta década, Rego manifesta a sua vontade de libertação artística, de ‘fazer mais diretamente'”, explica Catarina Alfaro.
Ainda segundo a curadora da exposição, “a presença e o confronto com as suas emoções através da pintura desencadeiam-se quando estabelece uma linguagem visual radicalmente nova para contar as suas histórias, criando um universo complexo e ambíguo em que os animais são criaturas com qualidades e comportamentos humanos, atiradas para situações peculiares, dramas vívidos que invadem ruidosamente a pintura”.
A exposição pretende estabelecer uma “nova e estimulante leitura da coleção, criando uma renovada apresentação do trabalho da artista e valorizando obras menos conhecidas”.
São apresentados também desenhos soltos e cadernos de desenho da artista, alguns deles nunca vistos publicamente”, tal como “O cerco (1976)”, uma das pinturas em destaque nesta mostra que, de acordo com as informações do seu proprietário, “nunca terá sido exposta”.
A apresentação desta peça juntamente com obras dos anos 1960 e 1980 “permite acompanhar a evolução criativa da artista e o modo como a sua linguagem figurativa muda de contornos”.
“Remetendo para um episódio da história de Portugal — o Cerco de Lisboa de 1384 imposto pelas forças de Castela —, a obra transmite uma tensão trágica que reflete a história pessoal de Paula Rego, o seu isolamento artístico e a deceção sentidos no rescaldo da Revolução de 25 de Abril de 1974 em Portugal”, considerou Catarina Alfaro.
Lusa