Porque é que os alemães gostam tanto de Angela Merkel?

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German Chancellor Angela Merkel, a top candidate of the Christian Democratic Union Party (CDU) for the upcoming general elections, reacts during an election rally in Fritzlar, Germany September 21, 2017. REUTERS/Kai Pfaffenbach - RC128E886600

As eleições legislativas alemães acontecem no próximo domingo, dia 24 de setembro. Angela Merkel, a quem já chamaram a mulher mais poderosa do mundo, atraiu múltiplas críticas durante as crises do euro e dos refugiados, mas mantém a confiança dos eleitores e diz-se empenhada em vencer as legislativas de domingo.

Estou completamente concentrada em vencer“, disse Merkel numa entrevista recente ao Handelsblatt, quando questionada sobre se tem um “plano B” para o caso de a eleição correr mal. A verdade é que a vitória está quase garantida, mesmo depois de Martin Schulz ter deixado a presidência do Partido Social Europeu e regressado a casa com a missão de lhe retirar a cadeira do poder.

A chanceler manteve uma campanha eleitoral intensa, não evitando comícios em locais do leste da Alemanha, onde foi recebida com protestos, assobios e insultos. Mas também recebeu abraços e felicitações por toda a federação alemã e as sondagens dão-lhe a vitória, ainda que sem maioria.

Porque é que os alemães querem mantê-la no poder e fazê-la, dessa forma, igualar o histórico Helmut Kohl em 16 anos à frente dos destinos do país? Porque:

  • Merkel agrada a muitos alemães pela racionalidade e pragmatismo político.
  • A sua gestão da crise do euro, com a defesa da moeda única e a imposição da austeridade aos países do sul, valeu-lhe fortes críticas na Europa, mas agradou aos contribuintes alemães.
  • Os eleitores apreciam a “vida normal” que leva:

    Merkel cultiva uma pequena horta, é vista a fazer compras no supermercado e vive na mesma casa de Berlim em que vivia antes de ser chanceler.

  • É para muitos uma figura tranquilizadora, por vezes apelidada de “mutti” (mamã) ou, no caso dos mais jovens, “oma” (avó).
  • Anunciou a sua recandidatura em novembro, quando muitos admitiam que não o fizesse, depois de um terceiro mandato de fortes tensões internas por ter aberto as fronteiras ao afluxo maciço de refugiados.

Angela Dorothea Kassner nasceu há 63 anos em Hamburgo (norte) e cresceu na Alemanha de Leste. Estudou entre Leipzig (leste) e Berlim e aos 23 anos casou-se com um colega de universidade, Ulrich Merkel, cujo apelido mantém, apesar de o casamento ter durado apenas cinco anos. Aos 35 casou-se com o atual marido, Joachim Sauer.

Em 1990, meses depois da queda do Muro de Berlim, aderiu à CDU de Helmut Kohl, que, em 1991, num esforço para integrar no Governo pós-reunificação jovens da extinta República Democrática Alemã (RDA), a nomeou ministra da Família, da Mulher e da Juventude.

Com a derrota de Kohl em 1998 e um escândalo de corrupção que abalou fortemente o partido em 2000, Merkel teve a oportunidade de avançar para a liderança da CDU e distanciou-se do ex-chanceler e seu padrinho político. Em 2005 candidatou-se à chancelaria, derrotando Gerhard Schroeder e tornando-se a primeira mulher eleita chanceler na Alemanha.


*com Lusa