Pessoas que crescem nas cidades têm pior sentido de orientação

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[Fotografia: Element Digital/Pexels]

Indivíduos que cresceram no campo têm um melhor sentido de direção e mais habilidades de orientação e navegação do que as que foram criadas nas cidades. A conclusão decorre de um estudo que analisou resultados de 400 mil pessoas, oriundas de 38 países. A análise pretende descobrir como é que o ambiente infantil influencia a capacidade de orientação.

Para a experiência, a equipa de investigadores convidou quase meio milhão de participantes a jogarem Sea Hero Quest, um videojogo projetado para pesquisas em neurociência, e no qual se pedia aos participantes para conduzirem um barco com o propósito de encontrarem checkpoints num mapa.

Descobrimos que crescer fora das cidades parece ser bom para o desenvolvimento de habilidades de navegação, e isso parece ser influenciado pela falta de complexidade de muitas redes de ruas nas cidades”, disse o investigador Hugo Spiers, da University College London, e a propósito do estudo publicado na revista Nature.

O co-autor do estudo Antoine Coutrot, da Universidade de Lyon, afirmou que as pessoas que cresceram em áreas rurais pontuaram melhor porque “o campo é um ambiente bastante complexo, é muito desorganizado, com distâncias maiores, o que significa que é preciso memorizar as rotas”. Digno também de nota é o facto de “as pessoas criadas em cidades mais complexas, como Paris e Praga, se terem pontuado mais do que as originárias de cidades com planos de ruas ordenados como Chicago”, acrescentou.

O mesmo investigador disse que a pesquisa tinha mostrado anteriormente que, quando os ratos de laboratório cresciam em gaiolas com caminhos de diferentes complexidades, “certas capacidades cognitivas presentes nos seus cérebros, incluindo navegação espacial, também eram modificadas”.

Porém, a importação deste estudo para os humanos estaria comprometido por não ser possível prendê-los em gaiolas. Contornando esse facto, a equipa adaptou o jogo Sea Hero Quest, concebido em 2016 para estudar a doença de Alzheimer, tendo sido jogado por quase quatro milhões de pessoas.

Para a equipa de investigadores, a orientação e navegação são ferramentas que podem continuar a ser desenvolvidas e que, por isso, os adultos ainda podem melhorar seu sentido de direção mais tarde na vida, se trabalharem, claro, para isso.”É um pouco como aprender outro idioma, que será muito mais fácil se você aprender quando se é jovem”, disse Coutrot.

Os pesquisadores também desenvolveram uma nova versão do jogo chamada City Hero Quest para testar como os moradores da cidade se saíram em seu ambiente natural.

Com agências