Petição: 100 manequins exigem que Victoria’s Secret combata a agressão sexual

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Na sequência de informações que dão conta de que responsáveis próximos à célebre marca de lingerie tinham conhecimento de que o financeiro Jeffrey Epstein se fez passar por responsável de casting de modelos da Victoria’s Secret junto de adolescentes e mulheres e as atacou sexualmente, mais de 100 modelos subscreveram uma petição a pressionar a empresa juntar-se ao programa que combate o assédio e abuso sexual na indústria.

O programa RESPECT (Respeito, em tradução literal) foi lançado pela estrutura norte-americana sem fins lucrativos The Model Alliance e promove “o tratamento justo, igualdade de oportunidades e práticas sustentáveis na indústria da moda”.

Até ao momento e entre as subscritoras estão nomes como o de Milla Jovovich, Iskra Lawrence, Christy Turlington Burns e, entre outras, Carolyn Murphy. Apesar da ligação da portuguesa Sara Sampaio à marca, ela não constava – até esta terça ao fim do dia – como uma das subscritoras desta carta aberta.

Uma iniciativa das manequins que surge dias após a publicação de novos dados que ligam o agressor e milionário à marca dos conhecidos ‘anjos’, publicada no jornal New York Times. Segundo o periódico, apesar de a empresa de lingerie se ter distanciado de Epstein na altura da mentira (em meados dos anos 90 do século passado), certo é que Leslie Wexner – o dono da empresa L Brands (ligada à Victoria’s Secret) – nada fez, mesmo depois de ter sido alertado contra as práticas do amigo e associado Epstein. Estiveram juntos, chegou a emprestar-lhe a casa onde alegadamente foram perpetrados abusos, mas a relação seria rompida só no final dessa década.

O inferno dos anjos ainda estava, contudo, longe de terminar uma vez que, conta o The New York Times, a marca de lingerie trabalhou com a agência de manequins MC2 Model Management, cujo dono Jean-Luc Brunel foi acusado de liderar uma operação de tráfico sexual para milionários, onde se incluíria Epstein.

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Revelações que se somam às acusações de agressão sexual por parte de fotógrafos que durante anos se mantiveram próximos das manequins. Os olhos estão, por isso, postos em Timur Emek, David Bellemere e Greg Kadel.

Estes dados revelados ao detalhe são agora argumentos mais do que bastantes para levar cerca de uma centena de modelos a exigir que a Victoria’s Secret promova, ao abrigo do RESPECT, a erradicação dos abusos existentes na indústria e exercidos sobre manequins e que vão desde a pressão para perder peso, discriminação, assédio e ausência de processos claros para denúncia de agressões sexuais, falta de transparência financeira.

A petição foi enviada esta terça-feira, 6 de agosto, a John Mehas, o diretor-executivo da Victoria’s Secret e clamando por uma “medidas significativas que protejam o talento e aqueles que aspiram trabalhar na empresa”. “Nas últimas semanas, ouvimos inúmeras denúncias de agressão sexual, violação e tráfico sexual de modelos e aspirantes a modelos. Embora tais alegações possam não ter sido dirigidas diretamente à Victoria’s Secret, é claro que empresa tem um papel crucial a desempenhar no tratamento da situação”, lê-se na nota citada pela comunicação social.

Escolha de transgénero leva à saída de diretor de marketing

No ano em que anunciam o fim do célebre e aguardado desfile anual, alegando que a televisão “já não é o meio indicado” para a marca fazer a sua mensagem e as coleções, a Victoria’s Secret vê-se a a braços com salpicos comprometedores de acusações de abuso sexual e tráfico e vê sair Ed Razek, o responsável de marketing da Victoria’s Secret.

Uma demissão cujos detalhes ainda estão por apurar, mas que deverão estar ligadas, em parte, à escolha, pela primeira vez, de uma modelo transgénero brasileira, Valentina Sampaio, para ser o rosto da linha Pink (mais direcionada para jovens) da célebre marca de lingerie.

Recorde-se que, no ano passado, Razek esteve no epicentro de uma polémica por ter dito que “os modelos transsexuais” não deveriam ser escolhidos pela marca “porque o espetáculo mostra fantasia”. Agora, três dias depois do anúncio chega a notícia da demissão e por via de Leslie Wexner, o presidente e diretor executivo da L Brands, marca ligada à Victoria’s, e que está envolvida em proximidade a acusações de assédio, agressão sexual e e tráfico

Imagem de destaque: Reuters

Nos bastidores com os anjos de Victoria’s Secret