Pivô sem remorsos por ter desacreditado acusações de racismo de Meghan

meghan e harry
[Fotografia: EPA]

O mesmo canal britânico que exibiu a entrevista acaba de afastar do programa matinal um dos seus rostos mais icónicos. Piers Morgan desconsiderou as acusações de racismo que Meghan Markle fez à família real britânica e incendiou a opinião pública. Já são mais de 40 mil as queixas contra ele

O apresentador, jornalista e pivô de TV britânico Piers Morgan, rosto do Good Morning Britain, abandonou o seu programa após milhares de queixas de espetadores por ter dito “não acreditar numa palavra” do que disse Meghan Markle, Duquesa de Sussex, sobre racismo na Casa Real. Mulher do príncipe Harry, Markle revelou numa entrevista televisiva nos Estados Unidos que um membro da família real terá manifestado preocupação antes do nascimento do filho Archie sobre “quão escura” a pele da criança poderia ser, e que teve pensamentos suicidas.

Na segunda-feira, no seu programa matinal no canal ITV, Piers Morgan disse “não acreditar numa palavra” do que a Duquesa de Sussex afirmou. “Não acreditava nela nem que estivesse a ler-me o boletim meteorológico”, ironizou o apresentador de 55 anos, que responsabilizou Markle por um “massacre” contra a família real.

Esta terça-feira, 9 de março, Morgan abandonou o programa em direto, quando o meteorologista Alex Beresford fazia reparos sobre os seus comentários na véspera. “Acabou-se para mim”, disse o apresentador enquanto saía do plano.

Mais tarde, a ITV emitiu um comunicado confirmando que “após conversações” com o apresentador, “decidiu que era a altura de abandonar” o programa matinal que conduzia desde 2015, o que o canal “aceitou”. O Palácio de Buckingham garantir que as alegações de racismo estão a ser “levadas muito a sério” e que Meghan Markle e o príncipe Harry continuam a ser membros “muito queridos” da família real.

“A família inteira fica triste ao saber de como os últimos anos foram difíceis para Harry e Meghan. As questões levantadas, principalmente as de racismo, são preocupantes. Embora as memórias [do que aconteceu] possam variar, são levadas muito a sério e serão tratadas pela família em privado”, comenta em comunicado.

Os comentários de Morgan motivaram mais de 41 mil queixas junto do regulador da comunicação social britânica, que anunciou que irá lançar uma investigação para determinar se podem ser qualificados como injuriosos.

A entrevistadora do príncipe Harry e Markle, a apresentadora de televisão norte-americana Oprah Winfrey, clarificou que a pessoa em causa no episódio de racismo não foi nem a Rainha Isabel II nem o marido, príncipe Filipe, mas Harry recusou identificar quem fez o comentário. Numa entrevista de duas horas transmitida na noite de domingo na estação CBS, Meghan Markle, disse também que teve pensamentos suicidas, mas que lhe foi negada ajuda profissional para não afetar a reputação da família real.

Na mesma entrevista, Harry acusou a imprensa tabloide de ser “racista” e disse que o pai, o príncipe Carlos, deixou de atender o telefone quando o casal manifestou a intenção de afastar-se da família real, o que aconteceu na primavera de 2020, e ficou conhecido por ‘Megxit’.

Mesmo assim, na noite de terça-feira, Piers Morgan foi ao Twitter reafirmar a sua mesma posição contra as revelações dos duques de Sussex. “A pensar no meu falecido e grande empresário John Ferriter esta noite. Ele ter-me-ia dito para fazer exatamente o mesmo. #confienoseuinstinto”, escreveu.

O Harry e Meghan deixaram de representar oficialmente a monarquia britânica e vivem na Califórnia, onde desenvolvem trabalho na área do entretenimento, tendo anunciado recentemente que esperam um segundo filho, que se juntará a Archie, que completará dois anos em maio.

CB com Lusa