Não tinham um pingo de sangue real, qualquer ligação à aristocracia – muito menos à realeza – e chegaram mesmo de países diferentes daqueles pelos quais hoje dão a cara. Falamos de plebeias e um plebeu que, por amor, chegaram ao coração de príncipes e princesa e têm hoje poder que, por ventura, nunca tinham imaginado atingir.
A realeza europeia rendeu-se ao amor burguês e, desde os anos 60 do século passado, que deu azo ao romantismo absoluto, escapando aos cânones do casamento entre iguais, da mesma classe social.
Atualmente, as cortes da velha Europa estão repletas de novas histórias: mulheres vindas de outros continentes – da América do Sul, a África e Oceania -, plebeias com histórias pouco monárquicas, com passados republicanos, divórcios civis, filhos antes do casamento real e excessos de adolescência. Reis e rainhas, princesas e príncipes consortes que são ex-advogados, ex-jornalistas, ex-empresários, ex-atletas e até personal trainers.
Na galeria acima veja quem são os plebeus que furaram, à boa maneira da Walt Disney – como conta o especialista em realeza europeia José Bouza Serrano – todas as regras e, quando não são já, serão um dia reis e rainhas do velho continente.
“Muitos consortes, se bem que ‘morganáticos’ [casamentos entre desiguais] para os monárquicos ortodoxos, salvaram a monarquia de uma certa apatia e do declínio, pelo seu empenho e promoção dos valores das famílias em que se integraram e se reproduziram”, analisa Bouza Serrano, no seu recém-editado livro As Famílias Reais dos Nosso Dias, editado pela Esfera dos livros.
Mas há também outros aspetos a analisar. “Os ‘casamentos desiguais’ contribuíram para a implosão do restrito clã da realeza como o conhecíamos, apagaram traços de família e os sólidos parentescos, puseram em xeque a educação comum e uniforme das Pessoas Reais desde o seu nascimento”, conclui na obra.
“Desde que os ‘plebeus’ começaram a casar com membros das famílias reais, grande parte da tradição desapareceu e desfez-se o imbricado tecido do parentesco entre eles. Paralelamente, com todas as vantagens e inconvenientes, vai-se perdendo o património genético mais reduzido do mundo, que era o das famílias reais europeias. Hoje, estes casamentos são comuns em quase todas as dinastias reinantes e, como vimos, estão a funcionar bem, na maioria dos casos.
Contudo, Bouza Serrrano deixa bem claro: “Não se pode medir o êxito ou a continuidade de uma monarquia, senão pela utilidade da instituição e as qualidades dos seus protagonistas, que resultem uma referência sólida, um exemplo inspirador ou sejam úteis aos seus concidadãos”.
Imagem de destaque: Montagem/Reuters
“As plebeias foram as mães de aluguer, mas com tiaras e brilhantes”