Polónia: Milhares em protesto contra lei que restringe aborto

aborto polónia RT_Agencja Gazeta

O parlamento polaco tem em mãos uma alteração à lei do aborto que restringe a interrupção da gravidez em casos de malformação fetal, uma das poucas exceções que permitia à mulher por fim à gravidez.

Esta nova proposta está a gerar indignação, levando milhares de manifestantes às ruas de Varsóvia e de outras grandes cidades do país, que tem, nesta matéria, uma das leis mais restritivas da Europa.


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Os grupos e partidos da oposição que pugnam pela escolha livre das mulheres lembram que esta lei, uma vez promulgada, irá empurrar muitas para os abortos clandestinos e para os problemas de saúde – e mesmo morte – que daí podem recorrer.

“Esta lei vai impedir ainda mais mulheres, especialmente as que pertencem a comunidades rurais ou com baixos rendimentos, de terem acesso a um acompanhamento seguro”, lê-se numa carta subscrita por mais de 200 grupos e citada pela estação pública britânica BBC.

Por outro lado, as associações anti-aborto vincam que muitas das interrupções sucedem em fetos com Síndrome de Down (leia mais sobre esta matéria aqui e aqui).

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O aborto na Polónia é praticamente interdito, havendo apenas exceções contempladas para casos em que há danos severos e irreversíveis para o feto, ameaça para a saúde da mãe ou para quando a gravidez é fruto de uma violação ou incesto.

As novas alterações propostas e que estão a levar milhares de cidadãos a contestar são até menos restritivas do que as avançadas em 2016, onde se colocava a possibilidade de existir um corte total das exceções. Na ocasião, a iniciativa legislativa acabou por ser arredada tal foi o movimento e o protesto levado a cabo por cidadãos – sobretudo mulheres – vestidos de preto.

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As mudanças propostas neste novo diploma polaco são menos restritivas do que as discutidas em 2016, o que levaria a uma proibição completa – a única exceção seria quando a vida da mãe estivesse em perigo. O plano foi descartado depois de milhares de pessoas vestidas de preto – a maioria delas mulheres – terem protestado em todo o país.

Segundo a BBC, os departamentos estatísticos polacos indicam que há mais abortos ilegais do que legais naquele território, estimando-se entre 10 a 150 mil e que comparam com mil a duas interrupções dentro do quadro da legalidade.

Imagem de destaque: Agencja Gazeta/Reuters

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