Poluição ‘agrava’ proliferação de bactérias resistentes a medicamentos

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[Fotografia: Pexels/Jeshootscom]

A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou, num relatório nesta terça-feira, 7 de fevereiro, que as superbactérias resistentes a medicamentos estão a proliferar em parte por causa da poluição dos setores farmacêutico e agrícola.

Segundo o texto divulgado, esses patógenos resistentes a medicamentos podem matar até 10 milhões de pessoas por ano, até 2050. “É cada vez mais evidente que o meio ambiente desempenha um papel fundamental no desenvolvimento, transmissão e disseminação” da resistência aos medicamentos antimicrobianos (RAM), explica o relatório da Agência Ambiental da ONU.

A resistência aos antibióticos é considerada uma ameaça pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade teme que o mundo caminhe para uma era em que as infeções comuns sofram mutações e voltem a matar. Olhando para as contas já apresentadas, o estudo da OMS estima que um total de um milhão e 270 mil de mortes registadas em 2019 podem ser atribuídas a infeções resistentes a medicamentos.

O abuso de antibióticos faz parte das causas dessa resistência das bactérias, parasitas e vírus em geral. Está também “intimamente relacionada com a crise ambiental planetária que soma vários fatores: mudança climática, perda da biodiversidade e a poluição e o desperdício”.

Relacionada principalmente à indústria farmacêutica e à agricultura, a poluição permite que os antimicrobianos invadam o meio ambiente, a começar pelos rios. “É um problema real, já que os rios são muitas vezes a fonte de nossa água potável”, disse à AFP o microbiologista Jonathan Cox, da Universidade Aston, Inglaterra, que não participou do relatório da ONU. “Trata-se de uma pandemia silenciosa”, enfatizou.

Entre as medidas para combater este problema, a ONU propõe a reciclagem da água utilizada nos laboratórios farmacêuticos e hospitais.

AFP