Por que razão a maioria dos furacões tem nome de mulher?

Durante os últimos dias o arquipélago dos Açores esteve em alerta vermelho devido à passagem do furacão Ophelia, que este domingo abandona o território português rumo à Irlanda e Grã-Bretanha. Não fez grandes estragos, mas pôs Portugal na rota da vaga recorde de furacões que tem passado pelo Atlântico.

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Só desde o dia 9 de agosto já se registaram seis: Franklin, Harvey, Irma, Maria, Nate e Ophelia. Ao todo, desde o início do ano, foram 10 as tempestades que se transformaram em ciclones. Um número que não se registava desde 1893.

Apesar de haver igualdade entre os nomes de furacões que se registaram nos últimos dois meses – três nomes femininos e três masculinos –, a maioria tem nome de mulher. E a explicação, segundo Koji Kuroiwa, chefe do programa de ciclones tropicais da Organização Meteorológica Mundial, é bem simples. Vem desde a Segunda Guerra Mundial, altura em que o exército norte-americano começou a batizar as tempestades com nomes de pessoas.

“Eles preferiam escolher nomes das suas namoradas, esposas ou mães. Naquela época, a maioria dos nomes era de mulheres”, explicou Koji Kuroiwa à BBC.

Este critério tornou-se regra em 1953 e os furacões só viriam a ter nomes masculinos em 1970, para acabar com a desigualdade de género.

Qual é o critério para dar nomes aos furacões?

Os ciclones tropicais não têm nome de políticos nem são uma homenagem a pessoas mortas, como afirmam alguns dos mitos. Têm nomes humanos em vez de números ou termos técnicos apenas para fazer com que seja mais fácil alertar as populações e todos esses nomes fazem parte de uma lista, criada em 1953 pelo Centro Nacional de Furacões dos EUA.

Atualmente esta lista, organizada por ordem alfabética, é atualizada pela Organização Meteorológica Mundial e pela ONU. E cada região tem uma lista diferente. Enquanto no Atlântico estamos mais familiarizados com nomes como Franklin, Harvey, Jose e Katia, no leste do Pacífico são mais comuns nomes como Adrian, Beatriz e Dora.

Nomes apenas não voltam a ser utilizados se o furacão deixar um rasto de tragédia

Cada lista é renovada de seis em seis anos. O que significa que, em 2023, podem voltar a aparecer furacões com os nomes Harvey e Irma. Os nomes apenas não voltam a ser utilizados se o furacão deixar um rasto de tragédia, como foi o caso do Katrina que em 2005 matou 2 mil pessoas em Nova Orleães, nos EUA.

Os furacões com nome de mulher matam mais?

Um estudo da Universidade de Illinois, nos EUA, concluiu em 2014 que os furacões com nomes femininos costumam ser mais mortais do que aqueles que têm nomes masculinos. Algo que, de acordo com os cientistas, acontece porque os furacões com nomes femininos não costumam ser encarados com tanta seriedade.

Para chegarem a esta conclusão, os investigadores analisaram os dados dos furacões que atingiram os EUA entre 1950 e 2012, excluindo o Katrina por ter causado um número de vítimas mortais elevado e que foge à regra. Enquanto os furacões com nomes masculinos causam uma média de 15 mortes, aqueles que têm nomes femininos provocam uma média de 42.