Porque é que as mulheres trabalham abaixo das suas capacidades?

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[Fotografia: Shutterstock]

Vamos primeiro ao que conhecemos melhor: O princípio de Peter. De acordo com este conceito, todos os trabalhadores numa estrutura hierárquica organizada tendem a ser promovidos e a ir além do seu nível de incompetência.

Agora, o professor britânico e diretor do grupo de thinkthank Longview, Thom Schuller quer trazer à discussão o oposto, o princípio de Paula, segundo o qual fica evidente que a maioria das mulheres trabalha abaixo do seu nível de competência. Uma teoria que o investigador na área de estudos para adultos tem vindo a trabalhar ao longo dos últimos anos e que agora chega em livro, que pode ser encontrado, para já, nas plataformas online.

Pai de duas filhas, o autor do livro “Princípio de Paula: Como e Porque é que as Mulheres trabalham abaixo do seu nível de competência” [The Paula Principle: how and why women work below their level of competence, no original] quer trazer toda a gente a debate por forma a encontrar respostas a esta evidência.

Porém, o professor antecipa já uma conclusão: as mulheres apenas irão usar todas as suas competências quando tanto homens, quanto o sexo feminino consigam ter carreiras em “mosaico”, o que é impossível ter lugar enquanto o modelo de emprego for a tempo inteiro e continuado.

O debate ganha um novo fôlego, conta o jornal britânico The Guardian, após anos de discussões de sociólogos, economistas que estudaram as razões pelas quais as mulheres não progridem nas carreiras a partir de determinado ponto e porque que há disparidade salarial entre elas e eles.


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Schuller crê que, para chegar lá, é preciso olhar não só para a persistente injustiça na forma como a educação é depois paga – em dinheiro e nível de satisfação – e para o desperdício de talento já provado.

Uma desigualdade que começa… na semanada

Os estudos em torno da desigualdade têm-se multiplicado um pouco por todo o mundo e alguns têm procurado ir ; à génese: ao nascimento. ; Uma recente investigação da consultora Halifax revelava que, no Reino Unido, os rapazes recebiam em média mais 12,7% de semanada do que as raparigas da mesma idade. Os rapazes, referia o estudo já anteriormente publicado no Delas.pt, ganhavam por semana em média 6,93 libras (€8,88) e as raparigas 6,16 libras (€7,90).

A amostra desta investigação contou com 575 pais e mais de 1 200 crianças do Reino Unido, revelando que a desigualdade económica com base na descriminação de género é um problema tão enraizado nas sociedades que começa a ser notado desde a infância. Não foram apontadas causas conclusivas para estas diferenças, ; mas uma das possíveis causas apontadas pelo estudo é que os rapazes pedem mais aumentos aos pais que as raparigas.