Portuguesa nomeada diretora executiva do Festival de Cinema de Toronto

joana vicente
Fotografia: DR

A produtora portuguesa Joana Vicente foi anunciada esta terça-feira, 28 de agosto, como a nova diretora executiva do Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF, na sigla em inglês), sendo corresponsável pela organização a par do diretor artístico Cameron Bailey.

“O comité de seleção ficou profundamente impressionado com o passado de Joana Vicente como produtora, defensora de realizadores independentes e com o seu sucesso em angariação de fundos e parcerias. O seu extenso conhecimento do panorama global cinematográfico em mudança solidificou a decisão”, disse, em comunicado, o conselho de administração do festival.

Joana Vicente era, desde dezembro de 2009, diretora executiva do Independent Filmmaker Project, a mais antiga e maior organização de cineastas independentes nos Estados Unidos, como recorda o comunicado do TIFF.

“Sempre olhei para o TIFF como uma proeminente plataforma internacional para o cinema mundial, com um impacto local e global”, afirmou, citada pelo festival, Joana Vicente, antes de acrescentar que a visão artística de Carmon Bailey é “inspiradora”.

A organização do TIFF salienta que Joana Vicente “é uma figura de proa da indústria cinematográfica de Nova Iorque, tendo produzido mais de 40 filmes e fundado três empresas, incluindo a primeira produtora digital dos Estados Unidos e o primeiro estúdio de distribuição e produção em alta definição do país”.

Joana Vicente foi nomeada pela Variety como uma das 60 pessoas mais influentes em Nova Iorque e já recebeu o prémio “Made in New York”, que distingue figuras que tenham contribuído de forma significativa para o crescimento das indústrias de media e entretenimento da cidade.

Joana Vicente nasceu em Macau, estudou Filosofia em Lisboa, foi assistente de Maria de Lurdes Pintassilgo no Parlamento Europeu e trabalhou nas Nações Unidas até se decidir pela produção de cinema nos Estados Unidos em parceria com o marido, o produtor Jason Kliot.

Ainda antes de atravessar o Atlântico, Joana Vicente foi assistente de produção de António-Pedro Vasconcelos e Paulo Branco e teve uma breve participação como atriz num filme de Alain Tanner.

Em Nova Iorque, onde vive há quase 30 anos, fundou com Jason Kliot a Open City Films e a HDnet Films, empresas com as quais assinaram cerca de quarenta produções cinematográficas independentes para realizadores como Brian de Palma, Alex Gibney, Steven Soderbergh, Hal Hartley, Todd Solondz e Jim Jarmuch.

Joana Vicente explicava à Lusa, em 2008, que a produção que faz “é bastante criativa”, porque o envolvimento num projeto começa quase sempre no desenvolvimento do guião, a partir de uma ideia ou de um livro.

“Eu gosto imenso de produção, mas a parte que me faltava era essa parte criativa. Sobretudo quando trabalho com realizadores que não têm muita experiência dá-me imenso prazer tentar dar-lhe todos os instrumentos possíveis para que consigam realizar da melhor maneira a visão deles”, disse Joana Vicente.

A nomeação do TIFF produz efeitos no dia 01 de novembro, perto de dois meses depois do festival deste ano, que vai contar com o filme “Diamantino”, de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, em duas secções.

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