Portuguesa toma posse como presidente das Assembleias regionais da Europa

ana luís ALRAA

A difícil situação da Catalunha – após declaração de independência -, a voz das regiões, os Açores fora de portas, os refugiados e migrantes e as questões de igualdade são alguns dos temas quentes com os quais Ana Luís vai ter de lidar. Esta economista, de 41 anos, toma, esta quarta-feira, 24 de janeiro, posse como presidente das Assembleias Legislativas Regionais Europeias. Desde 2012 à frente do parlamento açoriano, a política filiada no Partido Socialista, e natural da ilha do Faial, vai tutelar aquelas entidades por um ano, após eleição por unanimidade em novembro.

Em dia de assunção de funções, Ana Luís fala ao Delas.pt sobre como surgiu esta oportunidade e os desafios que tem pela frente, um deles de particular importância: o futuro da Catalunha. “É, de facto, um problema, mas que tem a virtuosidade de nos fazer refletir sobre a Europa que queremos”, justifica.

Ana Luís [Fotografia: Facebook]

Para esta política, ser mulher no cargo pode ser uma mais-valia já que há margem para uma “sensibilidade e um olhar especial para algumas matérias que marcam a agenda europeia”. Entre elas, Ana Luís destaca “as questões da igualdade de oportunidades, igualdade de género e as temáticas relacionadas com os fenómenos da migração e dos refugiados, pese embora todos os meus antecessores tenham, também eles, colocado todo o seu empenho e dedicação na presidência da CALRE”, escreve. Leia na íntegra as respostas a uma curta entrevista – feito por escrito – à nova responsável máxima.

Como encara este desafio de assumir a presidência europeia das Assembleias Legislativas Regionais (CALRE)?

Este é um desafio muito importante, que tentarei estar à altura com muito trabalho e dedicação e, naturalmente, com o apoio dos meus pares. A Europa, também ela, enfrenta atualmente desafios muito importantes, pelo que este é o momento de as Regiões fazerem ouvir a sua voz, é neste sentido que esta Presidência irá focar a sua ação.

Como surgiu a oportunidade?

O anterior Presidente da CALRE [Juan Pablo Durán Sánchez] propôs a minha candidatura e reuni o apoio unânime dos parlamentos com assento na CALRE. Não poderia dizer que não a tão importante desafio, para além do que esta é a primeira vez que o Parlamento dos Açores assume a presidência desta Conferência, que comemora os seus 20 anos de existência.

Em que medida, ser mulher neste cargo fará a diferença?

A sensibilidade e um olhar especial para algumas matérias que marcam a agenda europeia pode ser uma dessas diferenças, nomeadamente as questões da igualdade de oportunidades, igualdade de género e as temáticas relacionadas com os fenómenos da migração e dos refugiados, pese embora todos os meus antecessores tenham, também eles, colocado todo o seu empenho e dedicação na presidência da CALRE.

Ana Luís [Fotografia: Eduardo Costa/Lusa]

Quais os maiores desafios do novo cargo?

Pretende-se uma maior afirmação da CALRE, pelo que o meu maior desafio será promover a CALRE no seio das instituições europeias, como parceira efetiva na construção de uma Europa cada vez mais próxima, solidária e que respeita os seus princípios fundadores. Por outro lado, aprofundar o conhecimento entre as próprias regiões que fazem parte da CALRE, uma vez que, esta maior proximidade potenciará sinergias e um melhor conhecimento das suas idiossincrasias que, no fundo, enriquecem a Europa. O outro grande desafio será demonstrar que os Açores, apesar da sua pequenez territorial, pode, efetivamente, estar no centro da Europa e dar o seu contributo efetivo para uma melhor Europa.

Pela frente tem, entre outras matérias, o caso da Catalunha. Como o entende e como pode ser tratado?

A questão da Catalunha é de facto um problema, mas que tem a virtuosidade de nos fazer refletir sobre a Europa que queremos e como é que cada uma das sua Regiões pode contribuir, de forma efetiva, para a construção de uma Europa mais forte, multicultural e que ganha com a diversidade histórica e cultural das suas Regiões.

A nível nacional, em que medida o novo cargo pode trazer alterações para as Assembleias Legislativas Regionais portuguesas (Açores e Madeira)?

A presidência da CALRE não trará alterações significativas para as Assembleias Legislativas Regionais, no que concerne ao seu funcionamento parlamentar, até porque a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira assumiu a presidência da CALRE em 2001. No entanto, o exercício desta Presidência é sempre importante, uma vez que, coloca os Açores na agenda política das regiões europeias.

Imagem de destaque: ALRAA