Desigualdade salarial: Portuguesas começam a trabalhar gratuitamente a partir desta terça

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Para as mulheres portuguesas, esta terça-feira, 10 de novembro, marca o dia em que elas começam a trabalhar de forma gratuita. A razão é simples: olhando para a remuneração média auferida pelo sexo feminino, as mulheres passam a exercer as suas funções à borla partir de hoje quando comparadas com os homens aos homens.

A base que está nesta comparação é exatamente a desigualdade salarial entre géneros. Na verdade e olhando de um outra perspetiva, esta é a data em que os homens poderiam deixar de trabalhar e receber salário se auferissem, em média, o que as mulheres recebem.

Dados que se assinalam no Dia Nacional da Igualdade Salarial e que tem a particularidade de não ter uma data fixa, mas que oscila no calendário consoante as médias salariais auferidas anualmente.

Ora, de acordo com os dados divulgados pela Comissão para a Cidadania e Igualdade, as mulheres recebem em média menos 148,9 euros do que os homens. E apesar de as taxas terem vindo a aproximar-se – em 2016 elas começavam a ‘trabalhar gratuitamente’ a 1 de novembro – , a diferença entre a média salarial de mulheres e homens é de, quatro anos depois, ainda de 14,4%, com prejuízo para o sexo feminino.

“A diferença remuneratória entre homens e mulheres corresponde, de acordo com os dados mais recentes disponíveis, a 52 dias de trabalho pago”, refere nota enviada à comunicação social enviada pela Presidência do Conselho de Ministros.

As preocupações centram-se agora na pandemia e nos efeitos que terá nos rendimentos salariais das mulheres, que têm vindo a suscitar preocupações de todos os quadrantes e com denúncias que antecipam um cenário negro. Se por um lado há já, em Portugal, relatos de empresas que dão indicações para a não contratação de mulheres por serem as principais cuidadoras e estarem mais em casa em tempo de recolhimento social devido à Covid-19, por outro os números de pedidos de apoio à família nestes tempos extraordinários têm sido quatro vezes mais submetidos por mulheres e por mais tempo.

Na Europa e de acordo com o último Índice da Igualdade de Género do EIGE, dados recentes do Eurofound indicam que quatro em cada dez inquiridos afirma estar numa situação financeira pior do que antes da pandemia. A mesma análise refere que quase uma em cada três mulheres (31%) revela não ter poupanças para manter os níveis de vida pré-pandemia.

Em junho, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou para o acentuar da desigualdade de género como efeito da pandemia, temendo retrocessos já conquistados. Uma posição deixada clara numa entrevista à RTP3.