#PowerWoman: Hedy Lamarr, a atriz de Hollywood que nos deu o wifi

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Os segredos que Hollywood esconde não se resumem aos escândalos e a notícias negativas. Há verdades que veem agora a luz do dia e que só pecam por não fazerem justiça, em vida, aos seus protagonistas. É o caso de Hedy Lamarr, a atriz que ajudou a dar origem à rede sem fios (wifi), ao Bluetooth e ao GPS, mas que ficou para história apenas como uma das mulheres mais bonitas da época dourada do cinema.

Esse lado menos conhecido da artista nascida na Áustria, a 9 de novembro de 1913, é agora revelado ao grande público – e é um reconhecimento póstumo, já que a atriz morreu no ano 2000, nos Estados Unidos da América – num documentário realizado por Alexandra Dean e conta com a produção executiva de Susan Sarandon e a participação da atriz alemã Diane Kruger.

“Bombshell: The Hedy Lamarr Story” estreou este ano e mostra o génio inventor da atriz, que foi sempre obscurecido a favor da sua beleza e da fama conquistada com a carreira da atriz, sobretudo pela participação em filmes bíblicos, de que é exemplo ‘Sansão e Dalila’, realizado por Cecil B. Demille.

O filme estreia em 1949, sete anos depois da atriz, juntamente com o compositor George Antheil, terem visto reconhecida a patente da criação de um “sistema de comunicação secreto” para torpedos guiados por rádio. A invenção, reconhecida pelo National Inventors Council, foi classificada de “top secret”, pela marinha norte-americana, mas demorou algum tempo até que as instituições militares reconhecessem a utilidade que a criação de Lamarr e Antheil viria a ter, refere o ‘The Guardian’.

‘Bombshell: The Hedy Lamarr Story’, o documentário sobre Hedy Lamarr, contou com a produção da atriz Susan Sarandon

Depois da II Guerra Mundial, em 1957 os engenheiros da Sylvania Electronic Systems Division, empresa que produzia, entre outras coisas, rádios transmissores, adotou aquele sistema de comunicação e este passou então a ser usado pela marinha para transmitir as posições dos submarinos inimigos, revelados por sonar.

Essa invenção acabou por abrir o caminho que está na génese dos atuais métodos para transmitir e partilhar dados à distância, como o Bluetooth, o wifi ou o GPS.

Em 1998, mais de 50 anos depois da invenção daquele sistema de transmissão de ondas de rádio, Hedy Lamarr e George Antheil foram distinguidos pela Electronic Frontier Foundation.

Mas a genialidade científica da atriz não se ficou por aqui. São-lhe atribuídos também o desenvolvimento de coleiras florescentes para cães e uma técnica anti-rugas, baseada no princípio do acordeão.

Na sétima arte também foi pioneira. Terá sido a primeira atriz famosa a fazer uma das primeiras cenas de nudez e a representar um orgasmo feminino num filme, no caso, ainda sob o nome Hedy Kiesler – o seu nome verdadeiro era Hedwig Keisler, e com apenas 18 anos. As cenas levaram a que o filme europeu, chamado ‘Extase’, fosse censurado em vários países e criticado pelo Papa Alexandre Pio.

A atriz, que também era conhecida pela sua excêntrica vida pessoal, foi casa seis vezes. Alguns dos seus descendentes ajudaram a fazer o documentário que mostra o seu brilhantismo científico e que chegou aos cinemas em 2017.