Preguiça justifica sobrevivência da espécie. Mas há mais seis benefícios

Se há uns meses a preguiça chegava associada à inteligência, agora a ciência vem apontar uma nova vantagem: esta atitude associada a uma maior lentidão pode ser, afinal, uma boa estratégia de resistência e vida das espécies.

“Em vez da ‘sobrevivência do mais apto’ talvez a melhor metáfora para a história da vida seja a ‘sobrevivência do mais preguiçoso’, ou pelo menos ‘a sobrevivência do mais lento’ “, refere Bruce Lieberman, coautor do estudo publicado na revista Proceedings of the Royal Society B. Este investigador adianta que “talvez a longo prazo a melhor estratégia evolutiva para os animais é usar a lassidão e a lentidão – quanto mais baixa a taxa metabólica maior a probabilidade da espécie a que pertencer tem de sobreviver”.

O estudo, elaborado por uma equipa de investigadores da Universidade do Kansas, Estados Unidos, teve por base a análise de fósseis de bivalves e gastrópodes do oceano Atlântico e concluiu que os mais aptos, não sendo os mais preguiçosos, são pelo menos e seguramente os mais lentos. Uma investigação divulgada esta terça-feira, 21 de agosto, e que analisou as taxas metabólicas (a quantidade de energia que os organismos precisam para viver o dia a dia) de 299 espécies num período de cinco milhões de anos, desde o período do Plioceno até ao presente.

A preguiça é contagiosa, diz estudo

E se a ciência aponta agora para uma nova teoria da espécie, recentemente o Journal of Health Psychology sugeria que quem praticava menos exercício físico e tinha maior propensão para tarefas cognitivas era mais inteligente. Portanto, ligava a procrastinação à introspeção, resolução e capacidades mentais. Na galeria acima, veja outros benefícios da preguiça.

Questionando se é possível aferir da probabilidade de extinção de uma espécie tendo em conta a absorção de energia pelos organismos dessa espécie, Luke Strotz, investigador de pós-doutoramento do Instituto de Biodiversidade e Museu de História Natural da Universidade, dá a resposta: “encontrámos uma diferença entre as espécies de moluscos que foram extintas nos últimos cinco milhões de anos e as que ainda existem hoje, as que foram extintas tendem a ter taxas metabólicas mais altas“.

Os investigadores dizem que o estudo pode dar uma importante contribuição nas previsões sobre que espécies podem desaparecer durante a mudança climática que se aproxima, afirmando que a taxa metabólica não será o principal fator de extinção e que há muitos fatores, mas que é mais uma “ferramenta” para ajudar a determinar a probabilidade de extinção de uma espécie. No estudo, os investigadores concluíram também que o indicador de taxa metabólica estava mais relacionado com a extinção quando as espécies viviam num habitat mais pequeno.

“Descobrimos que as espécies amplamente distribuídas não mostraram a mesma relação entre a extinção e o metabolismo que as espécies com uma distribuição confinada”, disse Strotz.

A equipa quer agora, na mesma linha de investigação, perceber em que medida a taxa metabólica tem influência na propensão para a extinção de outros tipos de animais. “Nós vemos estes resultados como generalizáveis a outros grupos, pelo menos dentro do meio marinho“, diz Strotz.

Por isso, acrescenta, o próximo passo será verificar a consistência com outros dados de outros grupos, até para perceber se se trata apenas de um fenómeno relacionado com os moluscos. Ou se se pode generalizar até mesmo aos vertebrados que andam na terra.

CB com Lusa

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