Prémios Sophia distinguem filme sobre a crise que Portugal viveu

O filme “São Jorge”, do realizador Marco Martins, arrecadou no domingo, 25 de março, os principais prémios Sophia, atribuídos pela Academia Portuguesa de Cinema, numa cerimónia no Casino Estoril em que se falou de crise e de apoios ao cinema.

A longa-metragem, que traça um retrato da crise económica que atingiu Portugal aos olhos de um pugilista desempregado, foi distinguida com os prémios de melhor filme, realização, ator principal e secundário, para Nuno Lopes e José Raposo respetivamente, assim como argumento original, fotografia e direção artística.

É “a primeira crise da minha geração e todos os dias havia direitos que pareciam que nos eram retirados. Aquele filme é sobre a crise e sobre a minha crise, a nossa crise“, afirmou Marco Martins num dos discursos de agradecimento. “Espero que estes prémios ajudem a aproximar o público dos filmes portugueses“, disse Marco Martins.

Quando recebeu o Sophia de melhor ator, Nuno Lopes afirmou que na cultura portuguesa “os anos da crise ainda não passaram”. “Continuamos a ser desrespeitados constantemente nos atrasos dos concursos e na forma pouco clara como são atribuídos”, disse, referindo-se os concursos de apoio ao cinema e audiovisual de 2018 que ainda não abriram.

Prémios Autores dominados pela crítica aos atrasos nos apoios e precariedade

Com a anunciada presença do secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, na cerimónia, Nuno Lopes deixou um apelo: “A cultura é uma responsabilidade do Estado. Juntem-se a nós e façam a vossa parte, senhores governantes, ainda vamos a tempo. Um país sem cultura não é um país, é uma área mal ocupada”.

Mulheres premiadas nas suas categorias e na música

A atriz Rita Blanco arrecadou o galardão de Melhor Atriz Principal, com o filme “Fátima” (leia a entrevista na íntegra aqui). Já no de Melhor Atriz Secundária, o prémio Sophia foi entregue a Isabel Abreu, em “Uma vida à espera”. Foi também pelo trabalho desenvolvido nesta película que a cantora e compositora Lúcia Moniz obteve o reconhecimento de Melhor Canção Original, com o “Fim”.

“Ornamento e Crime”, de Rita Redshoes & The Legendary Tigerman, foi eleita a Melhor Banda Sonora Original.

Peregrinação”, de João Botelho, conquistou três Sophia, em categorias técnicas, enquanto “A Fábrica de nada“, de Pedro Pinho, recebeu os prémios de melhor montagem e argumento adaptado.

Na sexta edição dos prémios Sophia, cuja passadeira vermelha pode rever na galeria acima, “Nos Interstícios da Realidade ou o Cinema de António de Macedo”, de João Monteiro, foi eleito o melhor documentário em longa-metragem, e “O homem eterno”, de Luís Costa, a melhor curta-metragem documental.

O Sophia de melhor curta-metragem de ficção foi para “Coelho Mau”, de Carlos Conceição, e o de curta de animação distinguiu “A Gruta de Darwin”, de Joana Toste. O Sophia de melhor curta-metragem de ficção foi para “Coelho Mau”, de Carlos Conceição, e o de curta de animação distinguiu “A Gruta de Darwin”, de Joana Toste. O Sophia de melhor série televisiva foi para “Madre Paula”, exibido na RTP.

“Portugal inteiro vai querer fazer amor com o Paulo Pires”

A Academia Portuguesa de Cinema atribuiu ainda três prémios de carreira à caracterizadora Ana Lorena, ao realizador e ensaísta Lauro António e ao realizador Artur Correia, recentemente falecido.

Veja a lista dos vencedores na íntegra abaixo:

Prémio Mérito e Excelência: Caracterizadora Ana Lorena, realizador Lauro António e realizador Artur Correia
Melhor Filme: “São Jorge”
Melhor Realizador: Marco Martins – “São Jorge”
Melhor Atriz Principal: Rita Blanco – “Fátima”
Melhor Ator Principal: Nuno Lopes – “São Jorge”
Melhor Atriz Secundária: Isabel Abreu – “Uma vida à espera”
Melhor Ator Secundário: José Raposo – “São Jorge”
Melhor Fotografia: Carlos Lopes – “São Jorge”
Melhor Documentário em Longa-Metragem: “Nos Interstícios da Realidade ou o Cinema de António de Macedo” – João Monteiro
Melhor Documentário em Curta-Metragem: “O homem eterno” – Luís Costa
Melhor Curta-Metragem de Ficção: “Coelho Mau” – Carlos Conceição
Curta-Metragem de Animação: “A Gruta de Darwin” – Joana Toste
Melhor Argumento Original: “São Jorge”
Melhor Argumento Adaptado: “A fábrica de nada” – Pedro Pinho, Luísa Homem, Leonor Noivo, Tiago Hespanha, baseado na peça original “The Nothing Factory”, de Judith Herzberg
Melhor Banda Sonora Original: Rita Redshoes & The Legendary Tigerman – “Ornamento e Crime”
Melhor Canção Original: “Fim”, de Lúcia Moniz – “Uma Vida à Espera”
Melhores Efeitos Especiais/Caracterização: Nuno Esteves ‘Blue’ – “Peregrinação”
Melhor Série: “Madre Paula”
Melhor Direção Artística: Wayne dos Santos – “São Jorge”
Melhor Som: Pedro Melo, Elsa Ferreira e Branko Neskov – “Al Berto”
Melhor Guarda Roupa: Sílvia Grabowski – “Peregrinação”
Melhor Maquilhagem e Cabelos: Rita Castro, Felipe Muiron – “Peregrinação”
Melhor Montagem: “A fábrica de nada” – Cláudia Oliveira, Edgar Feldman, Luísa Homem
Prémio Sophia Estudante: “Snooze” – Dinis Leal Machado (ESMAD).

CB com Lusa

Imagem de destaque: Nuno Pinto Fernandes/Global Imagens