Princesa Vitória da Suécia foi vítima de “assedio sexual”

O dramaturgo, que está no epicentro da crise que envolve a Academia sueca do Nobel devido a escândalos de assédio e agressão sexual, terá feito uma vítima muito especial: a princesa herdeira Vitória da Suécia.

Segundo o diário Svenska Dagbladet, três fontes anónimas relataram ao jornal que Arnault teria tido comportamentos inadequados para com a princesa, então com 20 e poucos anos, durante um encontro na Academia. O então sexagenário terá tentado o contacto físico indesejado com a herdeira da coroa sueca. Os jornais titulam e falam mesmo em “assédio sexual” e relatam um “apalpão no rabo”.

Ebba Witt-Brattström [Fotografia: Universidade de Helsínquia]

A feminista sueca Ebba Witt-Brattström, que estava presente no evento, que decorreu na Villa Bergsgården, em Estocolmo, disse ao jornal Expressen e à estação pública de televisão SVT que uma das assessoras de Vitoria tinha tentado ir em seu auxílio. “A assessora feminina atirou-se e empurrou-o [Arnault] para longe, ela empurrou a mão dele”, revelou.

Segundo o que veicula a imprensa sueca, o episódio terá ocorrido em 2006 e, inclusivamente, sob o olhar de várias personalidades que foram surpreendidas com o momento. Entre os espectadores inesperados estavam, afirma a imprensa, o rei Carlos XVI Gustavo e pai da princesa herdeira. Na galeria acima reveja algumas imagens de Vitória.

A Casa Real Sueca mantém, contudo, o silêncio: “Não podemos comentar nada sobre essa informação em particular”, respondeu Margareta Thorgren, assessora de imprensa.

Após a alegada investida de Arnault sobre a princesa Vitória, o então Secretário Permanente da Academia, Horace Engdahl, terá sido instruído pelo tribunal a “tomar medidas” para garantir que a princesa nunca fosse deixada sozinha na companhia de Jean-Claude.

A confirmar-se, este relato representa mais um golpe para a credibilidade dos antigos membros da Academia, que sempre garantiram desconhecer esta reputação do dramaturgo francês como ‘assediador sexual em série’, reportam os periódicos suecos.

O advogado de Jean-Claude Arnault nega as acusações e tem repudiado todas as alegações de assédio sexual. Björn Hurtig disse ao Svenska Dagbladet que o seu “cliente nega especificamente estes rumores e acredita que são criados para o prejudicar”.

As vítimas da Academia e o Nobel da Literatura 2018 suspenso

A escritora Sara Stridsberg é a mais recente baixa nesta polémica. Na sexta-feira, 27 de abril, ela renunciou ao lugar de membro da Academia Sueca, adensando o clima de crise na prestigiada instituição cultural que atribui o Nobel da Literatura. Sara Stridsberg, eleita para a Academia em 2016, junta-se assim a outros sete membros da instituição a que também saíram na sequência de um escândalo de abusos sexuais e fugas de informação, que veio a público em novembro do ano passado.

Nessa ocasião, o jornal Dagens Nyheter publicou a denúncia anónima de 18 mulheres, sobre abusos e agressões sexuais, contra o dramaturgo Jean-Claude Arnault, ligado à academia através do seu clube literário e marido de um dos seus membros, Katarina Frostenson.

Na semana passada foi também avançada a possibilidade de não ser atribuído o prémio Nobel da Literatura [atualmente no valor de nove milhões de coroas suecas (863.000 euros), este ano. O anúncio foi feito na quarta-feira por Carl-Henrik Heldin, presidente da Fundação Nobel.

Em declarações à televisão pública sueca SVT, o responsável falava depois de a rádio pública SR ter noticiado que várias pessoas do Comité Nobel e da Academia Sueca consideram que o prémio não deve ser concedido este ano, para dar tempo à instituição para cicatrizar as feridas e recuperar a confiança da opinião pública.

Imagem de destaque: Fabrizio Bensch/Reuters

Depois do #MeToo, #PayMeToo quer acabar com a disparidade salarial

Judite Sousa: “Claro que não existe assédio nenhum”