Procura por mochilas escolares antibala aumenta nos EUA

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[Fotografia: Katerina Holmes/Pexls]

Desde o início do ano foram já reportados 27 tiroteios nas escolas norte-americanas, sendo o de Uvalde o mais letal até agora. O mapeamento dos ataques tem vindo a ser feito pela organização não governamental Education Week, que faz esta análise desde 2018, reportando 119 ataques desde aquele ano.

E enquanto o país discute, e tem vindo a discutir, o acesso às armas e ao perigo por parte de crianças e jovens -, a procura prossegue noutro caminho. Desde o ataque na Robb Elementary School, em Uvalde, no Texas, e que matou 19 crianças e dois professores, fabricantes de mochilas revelaram à Insider que a procura de malas escolares antibala está a crescer.

“Houve um aumento da rede de distribuição e vendas das nossas mochilas”, refere Yasir Sheikh, presidente da Guard Dog Secutity, uma das empresas que comercializa soluções de defesa pessoal, incluindo mochilas desta natureza, que se apresentam em várias cores, modelos e a pesarem quatro quilos.

O responsável garante à publicação que uma parte dos lucros obtidos pela venda das mochilas (189 dólares, mais de 130 euros cada) a uma organização sem fins lucrativos fundada pelos pais de uma das vítimas da Marjory Stoneman Douglas High School em Parkland, na Flórida, em 2018.

Desde o ataque, “20% das visitas e ligações do nosso site são procuras para este produto”, afirma à mesma publicação Carolina Ballesteros, gerente de marketing da MC Armor, empresa que desenvolve produtos como, entre outros, quadros brancos à prova de balas e portas para salas de aula.

O mundo testemunhou mais um ataque massivo a uma escola um mês depois de ter sido publicamente revelado que, em 2020, pela primeira vez nos EUA, as mortes de crianças e adolescentes por armas de fogo tinham ultrapassado as que eram resultado de acidentes rodoviários.

Segundo dados coligidos após estatísticas cedidas pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, as mortes por armas de fogo relacionadas a crianças e adolescentes aumentaram 29% entre 2019 e 2020. “As taxas crescentes de mortalidade por armas de fogo são uma tendência de longo prazo e demonstram que continuamos a falhar na proteção da nossa população mais jovem de uma causa de morte evitável”, denuncia, em comunicado, o coautor do estudo Jason Goldstick, professor associado de comportamento em saúde e educação em saúde na Escola de Saúde Pública da Universidade do Michigan.

Ora, contas feitas, mais de 4.300 adolescentes dos EUA (de 1 a 19 anos) morreram devido a armas de fogo em 2020. Esse número inclui homicídios, suicídios e mortes não intencionais. A sinistralidade rodoviária esteve na origem de 3.900 mortes entre crianças e adolescentes em igual período.

O mesmo estudo indica que as mortes pelo consumo de drogas também registaram aumento preocupante, tendo escalado 83% e atingindo mais de 1.700 mortes no total. Um crescimento que coloca esta causa como a terceira principal de morte de crianças e adolescentes.