Proenza Schouler: “A nossa mulher preocupa-se com a imagem mas não é escrava disso”

A marca americana Proenza Schouler lançou o seu primeiro perfume, Arizona, uma fragrância de assinatura que explora o conceito de evasão e de perfeição inacabada. A dupla de designers Jack McCollough e Lazaro Hernandez aliou-se à L’Oreal para criar uma fragrância única com uma nota nunca antes usada na perfumaria: a flor do cato tocha. Esta nota perfumada é conseguida através da mais alta tecnologia, já que esta flor apenas desabrocha uma vez por ano, durante a noite, e por isso o seu aroma tem de ser recriado em laboratório.

A tecnologia não está presente exclusivamente na fórmula perfumada, mas também no frasco, que inspirado pelas paisagens montanhosas do Arizona tem um declive interior que é único em cada exemplar. Este perfume está disponível em 30ml (€59), 50ml (€85) e 90ml (€109), em exclusivo na Perfumes & Companhia.


Quais são as vossas memórias mais antigas relacionadas com uma fragrância?

Lazaro Hernandez: Como qualquer jovem rapaz interessado por moda, a minha primeira memória de roupa e perfumes está relacionada com a minha mãe. Algumas das minhas primeiras memórias são da minha mãe a arranjar-se para uma grande saída à noite com o meu pai. Lembro-me remotamente que o seu ritual de preparação incluía sempre umas gotas de Chanel Nº5. Esse foi o perfume delas durante anos, e eu ainda hoje penso nessa memória quando passo por alguém na rua com a mesma fragrância. É incrível como uma fragrância pode ser tão nostálgica, como nos transporta de volta no tempo e nos lembra de uma pessoa em particular, numa recordação muito específica.

Jack McCollough: Existem de facto uma série de cheiros do meu passado que eu nunca irei esquecer. Esses aromas tornaram-se memórias permanentes, que vão estar sempre gravadas na minha memória. É incrível o poder do olfato e como ele pode provocar uma impressão tão definitiva em nós e que nunca mais é esquecida. Eu lembro-me que havia uma rapariga no liceu por quem estava completamente obcecado, era a Liz Kennedy. Eu achava que ela era o epítome do cool. Ela já era uma sénior quando eu era caloiro e lembro-me que ela usava sempre óleo de sândalo, que não se parecia com nada que eu tenha cheirado antes. Eu lembro-me de ter comprado uma garrafa para mim na esperança de me transformar naquela pessoa que eu achava tão cool. Esta é uma das coisas mais patetas que se fazem quando se é um caloiro de 14 anos altamente impressionável. Para mim o olfato é a maneira mais interessante de evocar o passado. Este sentido traz memórias mais vivas e mais emocionais do que qualquer outro sentido.

Para que referências olharam para criar esta fragrância?

Queríamos criar uma fragrância que fosse intemporal mas que de alguma forma falasse do momento em que foi criada, alguma coisa completamente nova e inesperada. Nós tínhamos acabado de voltar de uma road trip pelo faroeste, onde fomos fazendo pequenas paragens em lojas de cristais, onde encontrámos alguns dos pedaços mais bonitos de rochas e cristais que alguma vez vimos. Trouxemo-las para Nova Iorque e pensámos que seriam um excelente ponto de partida para o design de uma garrafa. Aadoramos o que aqueles objetos representam. A sensação de exterior, de natureza por explorar, um espécie de energia universal, o sentimento de evasão, de sair e perder-se no ar livre, de reconectar-se com as coisas que realmente importam. Isto é algo extremamente pessoal mas também muito universal. No mundo sempre conectado de hoje onde toda a gente parece que está num ponto de viragem com a carga laboral e a responsabilidade, este sentimento de querer fugir e conectar-se com algo mais real pareceu-nos certo.

Foi desafiante entrar no mundo da perfumaria?

Este é definitivamente um mundo novo para nós. Estávamos cientes das fragrâncias e do poder que estas têm nas nossas memórias e como elas, de alguma forma, servem para representar momentos da cultura, mas nunca nos tínhamos envolvido no desenvolvimento de um perfume do inicio ao fim, a este nível. Estávamos obviamente interessados nas possibilidades criativas envolvidas no processo e completamente entusiasmados com a perspetiva de trabalhar a longo prazo no projeto. Ter dois anos para criar alguma coisa é como um sonho, considerando que atualmente trabalhamos em quatro coleções, isto sem mencionar todas as coleções de acessórios pelo meio.

Como descreveriam Proenza Schouler através de um perfume?

Podemos dizer que as mesmas palavras que usamos para descrever a marca podem ser usadas para descrever esta fragrância e esperamos que possa descrever as futuras também. Palavras como “imperfeição polida, requinte em estado bruto, atualidade cultural, experimentação confiante, inovação progressiva, criatividade destemida, influência artística, naturalmente refinada” podem ser usadas de forma interligada entre a marca e o perfume. A mulher que trabalhamos é a mesma. Ela é inteligente e forte, perfeitamente inacabada, faz parte do mundo em que vivemos mas é absolutamente individual. Esperamos através deste projeto conseguirmo-nos ligar com as mulheres que se identificam com a marca mas que por alguma razão não puderam até agora fazer parte dela, mas também também com as mulheres que na realidade nunca ouviram falar de nós mas que podem ser apresentadas a Proenza Schouler através deste projeto.

De onde surgiu o nome?

Na realidade o nome surgiu numa fase mais avançada do projeto e foi fonte de muita discussão. Queríamos alguma coisa que descrevesse o sentimento que estávamos a tentar transmitir, não queríamos nada muito abstrato, e que de alguma forma tivesse uma energia feminina. Nós começámos por procurar nomes de lugares no Oeste. Sabíamos que queríamos o nome de um sítio facilmente reconhecível, o nome de um lugar onde facilmente podíamos fechar os olhos e rapidamente associar-lhe uma imagem. Também queríamos algo que soasse a um nome feminino. Arizona cumpria todos estes requisitos. Nunca foi concebido para descrever o estado atual do Arizona, mas sim um estado de espírito, a sensação de paisagens a perder de vista, de fuga, de aventura. Um lugar que de alguma forma tem a sua própria energia, um lugar de beleza e mistério.

Quem é a mulher Proenza Schouler?

É uma mulher dos dias de hoje. A idade não é uma preocupação. É tudo sobre uma certa atitude e força de caráter. Ela é responsável pela sua própria vida, uma aventureira, sempre curiosa sobre o mundo em que vive e, por isso, culturalmente sofisticada, é uma mulher que se atreve a experimentar coisas novas. É, acima de tudo, inteligente, sensual de forma muito pessoal. Ela preocupa-se com a imagem mas não é escrava disso. É uma mulher que é guiada pela curiosidade.

O que querem que as mulheres sintam ao usar Arizona?

O nosso grande objetivo, como em tudo o que fazemos, é fazer as mulheres sentirem-se bonitas, empoderadas e conectadas com uma ideia e com uma marca com coração, com a máxima integridade. Não foi tomado nenhum atalho e trabalhamos meticulosamente para garantir que tudo o que é feito na Proenza Schouler tem as mulheres e as suas necessidades como peça central. As mulheres são tão importantes na nossa vida que queremos simplesmente retribuir-lhes, fazer parte do seu caminho, e esperamos criar um pouco de magia ao longo do seu percurso que as faça sentir orgulhosas e empoderadas pelo incrível poder da sua feminilidade.

Entrevista cedida pela L’Oreal Portugal

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