Projeto contra o tráfico de mulheres aposta em rede de parcerias

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O Dia Europeu de Luta Contra o Tráfico de Seres Humanos só se assinala a 18 de outubro, mas este é um tema que para o Movimento Democrático de Mulheres (MDM) tem de ser tratado todos os dias e é um crime que tem de ser tirado da invisibilidade.

Para isso a organização criou um conjunto de ações, no âmbito do projeto ‘ACT – Agir contra o Tráfico de Mulheres’, lançado no dia 14 de fevereiro, no Porto, em que se destaca a criação de uma rede com várias entidades da região do norte do país, entre as quais empresas transportadoras, operadores turísticos e autarquias.

Entre as parcerias já estabelecidas, o MDM assinala as criadas com a Junta de Freguesia e a Escola Secundária de Ermesinde, a CP, a Junta de Freguesia e ONGs de Campanhã, no Porto, a Escola Secundária do Cerco, também no Porto, a Câmara Municipal de Gaia, o Sindicato dos Professores do Norte e a União de Sindicatos do Porto, além da organização Cadeira de Van Gogh e o Conselho Português para a Paz e Cooperação. Mas o MDM não pretende ficar por aqui e tem já agendadas reuniões com as câmaras Municipais do Porto e Gondomar, a ANA-Aeroportos, o SEF, a PSP e o Consulado da Suécia, entre outras.

Retirar o crime do tráfico da “opacidade” é, na perspetiva da organização, o primeiro passo necessário para lutar contra este flagelo e o projeto agora lançado “tem por objetivo contribuir para aumentar o conhecimento e a consciência, em particular, das mulheres e jovens, sobre o crime do tráfico humano, além de contribuir para a sua prevenção e combate”, explica ao Delas.pt Sandra Benfica, responsável pela campanha ‘ACT – Agir contra o Tráfico de Mulheres’.

A par das parcerias, a ativista destaca as campanhas de sensibilização de maior visibilidade para o público em geral, feitas através de cartazes, distribuição de folhetos em várias línguas e de um vídeo que deverá passar na televisão no final do ano.

Workshops e um seminário a realizar no Dia Europeu de Luta Contra o Tráfico de Seres Humanos são outras das ações a promover pelo MDM, que até ao próximo dia 10 de março, tem uma exposição na Biblioteca Municipal de Estarreja, em colaboração com a CPCJ, dedicada à temática ‘Tráfico de mulheres/escravatura dos tempos modernos’.

Mulheres e jovens são os mais vulneráveis
“Preocupa-nos de sobremaneira o tráfico transnacional e o tráfico nacional nos grupos particularmente vulneráveis: as mulheres e os jovens” , diz Sandra Benfica.


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A ativista recorda que, anualmente, “milhões de mulheres e meninas são traficadas em todo o mundo, transformadas em mercadoria e exploradas nos criminosos negócios do trabalho escravo, da mendicidade e, sobretudo, da prostituição”

Segundo o MDM, na Europa mais de 76% das vítimas são mulheres e 15% crianças.

Os dados de 2016 do relatório do Observatório para o Tráfico de Seres Humanos (OTSH) refere que das 182 presumíveis vítimas sinalizadas em Portugal, 27 são menores e 141 adultos, das quais 123 mulheres, para fins de exploração sexual. A maioria das vítimas de tráfico no país são estrangeiras e jovens. Por outro lado, o desemprego e a emigração portuguesas revelam-se também preocupantes. O OTSH chama a atenção para vitimas de origem portuguesa que são levadas a aceitar ofertas de trabalho que escondem formas complexas de recrutamento de pessoas para o tráfico doméstico e transnacional.

Na Europa, salientam ainda os dados divulgados pelo MDM, as jovens representam 20% das vitimas de tráfico, sendo que 67% são aliciadas em locais públicos e nas redes sociais.

 

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