Qual é a Presidente que quer ter?

Marisa Martins e Maria de Belém
Marisa Martins e Maria de Belém no debate para as eleições presideciais.

Maria de Belém foi a segunda mulher a apresentar a candidatura à Presidência da República, em toda a História de Portugal. Marisa Matias foi a terceira e apresentou a sua candidatura logo de seguida. Antes delas, apenas Maria de Lourdes Pintasilgo protagonizara, em 1986, uma candidatura à Presidência. Trinta anos depois, duas mulheres entram na corrida presidencial, mas cada uma delas com uma visão muito diferente daquilo que deve ser o papel da Presidente.

A Presidente sim, isso têm em comum: a designação do cargo no feminino foi posta em prática ontem no debate, que colocou frente a frente as duas candidatas, e foi transmitido em direto pela TVI. No debate ficaram claras as distâncias e proximidades em relação à ação do Presidente da República em funções:

Orçamento de Estado retificativo promulgado por Cavaco Silva no final de 2015:

Marisa Matias afirma que vetaria o Orçamento e o devolveria à Assembleia da República.

Maria de Belém diz que aprovaria à primeira, por saber que a maioria não iria alterar o documento.

Participação em missões militares da ONU:

Marisa Matias recusa a solução militar para acabar com o terrorismo e afirma que é pelo fim da compra do petróleo produzido em territórios controlados pelos terroristas e pelo fim da venda de armamento a esses grupos que se resolve o problema.

Maria de Belém pretende que o Estado Português cumpra os compromissos assumidos no quadro da NATO e da UE, e reforçou a importância das missões portuguesas.

Ambas afirmaram a importância de controlo dos paraísos fiscais como forma de terminar com o financiamento ao Estado Islâmico e outras organizações terroristas.

As diferenças entre ambas não ficam por aqui, aliás tornaram-se evidentes logo no início do debate, com Maria de Belém a afirmar “O que me separa da Marisa Matias, mais do que qualquer outra coisa é o tempo de vida e a experiência.” De facto, a antiga presidente do PS tem 66 anos, enquanto a candidata apoiada pelo BE tem 39.

Virão da experiência também as divergências quanto à acumulação de cargos públicos e privados? Enquanto a candidata mais velha foi consultora da Espírito Santo Saúde e ao mesmo tempo presidia à Comissão Política de Saúde não vendo nenhuma dificuldade na separação de interesses, a candidata mais jovem referiu várias vezes que “sendo legal” não concorda com a lei que permite a acumulação de cargos.

As eleições para a Presidência da República vão realizar-se no dia 24 de janeiro, há dez candidatos e duas são mulheres.