Afinal, quanto pesam as redes sociais na hora da contratação? Três especialistas respondem

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[Footgrafia: Pexels/Cottonbro Studio]

As redes sociais são, cada vez mais, um ponto de união. Contudo, e além de serem conhecidas por encurtar distâncias e conectar pessoas, terão efetivamente um peso relevante na hora do recrutamento? A resposta não é linear e depende, segundo especialistas em Recursos Humanos de vários setores de atividade, do tipo de funções e dos limites entre o que é público e o que é privado.

O LinkedIn assume-se como a rede social mais importante no mercado de trabalho porque é direcionada, especificamente, para negócios e emprego. Através desta plataforma, é possível anunciar vagas de emprego, candidatar a diversas funções e fornecer informações extra que não têm, nem devem, estar presentes no currículo, como voluntariado, projetos para os quais contribuíram ou prémios que receberam ao longo da carreira.

Catarina Dias, especialista em recursos humanos, afirma que as informações presentes no CV já não são suficientes: “As informações no currículo são apenas as competências técnicas. A vertente do perfil comportamental é das componentes mais importantes para avaliar um candidato e também, um fator decisivo na escolha de um ou outro”.

Para Catarina, o LinkedIn passou a ser uma ferramenta importante a partir do momento em que anúncios de emprego perderam o impacto. Face a esta mudança, as organizações tiveram de se adaptar e renderem-se a outros meios, como é o caso do LinkedIn.

Atualmente, são várias as empresas multinacionais que recorrem às plataformas digitais como o LinkedIn, Instagram, Facebook, entre outras, para anunciar vagas de emprego. No entanto, durante o processo de seleção, os recrutadores não têm, em Portugal, o hábito de ver os perfis do Instagram ou Facebook dos candidatos, uma vez que se tratam de redes sociais privadas.

Alexandre Alves, proprietário do restaurante Sabor Típico, em Matosinhos, a Delas.pt constatou que, na área da restauração, esta rede social não é, de todo, um elemento preponderante: “Não verifico as redes sociais, nem o LinkedIn. A mim não me faz diferença se a pessoa tem um perfil organizado ou se não tem. Sei que em outros casos pode, como é óbvio, passar uma má imagem de um colaborador que não passe as melhores diretrizes nas redes sociais, mas, na área da restauração, não acho que seja relevante”.

LinkedIn: Plataforma direcionada para cargos específicos?

É mais fácil encontrar pessoas com funções específicas, como designer gráfico ou marketeer, pelo LinkedIn, do que se formos a ver uma assistente de loja, por exemplo. (…) Se estivermos a falar de gerentes de loja ou cargos de chefia, já têm uma presença mais assídua na plataforma”, confessou Mafalda, recrutadora na área do retalho de moda.

“Acho o LinkedIn muito importante para pessoas que querem ter presença no mercado de trabalho. Isso já mostra que o empregador quer mais. Contudo, não vai ser um fator eliminatório na hora de contratar alguém. A não ser, por exemplo, que estejamos a falar de um responsável de marketing, como já disse. Uma pessoa da área do marketing tem, à partida, de ter uma presença no LinkedIn”, completou.

A importância da fotografia: colocar ou não?

O mais importante de incluir no perfil do LinkedIn é, do ponto de vista dos recrutadores, uma fotografia e a descrição detalhada da experiência, precisamente a pensar nesses cargos específicos que requerem certas competências.

“Nós estamos com estes processos de recrutamento online, acho que não faz sentido não ter uma fotografia que mostre quem é, isso significa que talvez não valorize o marketing pessoal”, adiantou Mafalda.

Porém, Catarina Sousa, técnica de recursos humanos na empresa Ferreira de Sá, confessou, em declarações à Delas.pt, que ainda aparecem vários currículos sem fotografia, frisando que há empresas que valorizam extremamente a aparência: “Quando estive à procura de emprego, muitas empresas defendiam muito a imagem, a indumentária”.

Ainda assim, a experiência sobrepõe-se à questão da fotografia, o que é unânime entre os especialistas de Recursos Humanos. Se surgir um currículo com anos de experiência em determinada área, a pessoa irá ser chamada para uma entrevista, ainda que não haja nenhuma referência à sua forma física. “A sociedade tem evoluído para não olhar para aquilo que as pessoas são, mas sim para aquilo que elas irão acrescentar à empresa”, disse Catarina Sousa.