Quando a Rússia vai parcialmente aos Olímpicos, as mulheres reagem

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Russia's Maria Krioutchkova, Elena Zamolodchikova and Svetlana Khorkina stand together at the Athens 2004 Olympic Games. Russia's (L to 2nd R) Maria Krioutchkova, Elena Zamolodchikova and Svetlana Khorkina stand together during the artistic gymnastics women's team final at the Athens 2004 Olympic Games August 17, 2004. REUTERS/Dylan Martinez - RTRVG95

O Comité Olímpico Internacional (COI) deliberou a favor da participação da representação russa nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, mas só em parte. A decisão conhecida este domingo determina que os atletas de pista, corta-mato e natação fiquem afastados da competição.

As reações não se fizeram esperar e enquanto que, à saída do Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), o ministro dos desportos russo, Vitaly Mutko, afirmou estar contente com a decisão do COI ao canal de televisão Rossya 24 o ministro afirmou ser incompreensível banir tais atletas uma vez que por todo o mundo existiam casos semelhantes, atletas que foram apanhados a tomar substâncias ilegais mas cujos casos estava a ser tratados individualmente.

Muitas mais vozes se levantaram contra esta decisão. A ginasta Svetlana Khorkina, vencedora de medalhas de ouro nas edições de Atlanta, Sydney e campeã europeia e mundial entre 1994 e 2004 veio avisar os seus compatriotas que “vão ser colocadas mais ratoeiras” e acrescentou que as acusações apresentadas à Agência Mundial Anti-Doping – um relatório que informava sobre o uso generalizado de drogas que melhoram a performance pelos atletas russos – foram feitas de forma pormenorizada, de modo a que a Rússia não conseguisse reagir a tempo.

A dupla campeã olímpica de salto com vara, Yelena Isibayeva, que tinha aspirações à medalha de ouro já anunciou que vai recorrer para o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos da decisão de afastar a representação de atletismo nos Jogos Olímpicos Rio2016.

“Depois do ocorrido, Lena [diminutivo de Yelena] recorrerá para o Tribunal de Direitos Humanos de Estrasburgo, porque para ela e toda a equipa a decisão não se ajusta ao direito”, disse o treinador da saltadora, Yevgueni Trofímov, em declarações à agência R-sport.

O treinador revelou ainda que o que mais surpreendeu Isibayeva foi a reação das autoridades russas à decisão do COI de delegar às federações internacionais a responsabilidade de autorizar ou negar a participação dos desportistas russos nos Jogos do Rio.

“Encolheram os ombros e foi tudo”, disse.

Na quinta-feira, o TAS rejeitou o recurso dos atletas russos à suspensão imposta pela Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF), confirmando a ausência dos Jogos Olímpicos Rio2016, decisão ratificada pelo COI.

“O painel do TAS confirmou a validade da decisão da IAAF de aplicar as regras (…), segundo as quais os atletas de uma federação que esteja suspensa pela IAAF são inelegíveis para competições organizados sob as regras da IAAF”, lê-se num comunicado.

A federação russa e 68 atletas tinham recorrido da decisão da IAAF de suspender o atletismo russo de todas as provas, incluindo os Jogos Olímpicos, na sequência de um relatório independente da Agência Mundial Antidopagem (AMA), que revelou um sistema de dopagem apoiado pelo governo.