Quando amar todas as pessoas é uma doença genética

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Já imaginou como seria a sua vida se, desde criança, sentisse uma vontade incontrolável de abraçar todas as pessoas que lhe aparecem à frente? É por isto que passa quem tem Síndrome de Williams, uma doença genética rara que afeta, estima-se, uma em cada 10 mil pessoas em todo o mundo – só nos EUA são 30 mil.

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Esta condição deve-se ao excesso de ocitocina no organismo, também conhecida como hormona do amor. Para quem a tem, é normal gostar muito de todas as pessoas, sem exceção, e não veem mal nenhum disso.

A síndrome foi identificada na década de 1960, na Nova Zelândia, por John Williams. O cardiologista reparou que muitos dos seus pacientes tinham estenose aórtica, uma doença que se caracteriza pela obstrução da passagem do fluxo sanguíneo na via de saída do ventrículo esquerdo do coração. Um fenómeno bastante raro, exceto para quem tem um Síndrome de Williams.

Além deste problema cardíaco, os pacientes com esta síndrome apresentavam também deficiências intelectuais, problemas gastrointestinais e um quociente de inteligência (QI) que costumava rondar os 50 pontos. Um conjunto de características que levou o médico a distinguir esta doença rara.

O menino que amava demais

Jennifer Latson cruzou-se com Eli Angelo (nome fictício), um adolescente de 13 anos que tem Síndrome de Williams. A história do rapaz tocou-a de tal forma que a norte-americana decidiu contá-la no livro O menino que amava demais: a verdadeira história da simpatia patológica, lançado há dois meses.

“Conheci-o quando ele tinha 12 anos. Era tão quente e amigável. Abraçou-me várias vezes assim que nos conhecemos. No final da noite, quando comecei a vestir o casaco, o Eli disse-me: ‘Espera! Estás a ir embora?’ Já éramos obviamente melhores amigos”, contou Jennifer Latson à National Geographic.

Os problemas de Eli Angelo não são, contudo, os únicos abordados pela escritora no livro. A norte-americana não esquece também as dificuldades com que têm de lidar os pais deste tipo de crianças que tratam qualquer desconhecido como se fosse um melhor amigo ou membro da família.

“Um dos riscos de ter uma criança com Williams é que o seu filho vai amá-la tão intensamente e incondicionalmente como ama o motorista do autocarro“, escreve a norte-americana em O menino que amava demais: a verdadeira história da simpatia patológica.