Quantas palavras lês por minuto? Alunos de 2º ano vão ser ‘avaliados’ em 24/25

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[Fotografia: Pexels/RDNE]

O governo quer as escolas a realizar um diagnóstico nacional da velocidade leitora, neste ano 2024/25. A medida faz parte do caderno de alterações para a educação apresentado em vésperas de arranque de novo período letivo.

De entre as múltiplas medidas, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) irá dar às escolas “indicações e textos, devendo reportar resultados de leitura para cada aluno do 2º ano (palavras por minuto)”, refere o documento apresentado após a reunião do Conselho de Ministros, esta semana. Uma ferramenta que pretende identificar “precocemente os alunos com dificuldades leitoras” já a partir deste ano.

Mas há mais medidas no horizonte. Para lá da recomendação de proibição de telemóveis nas salas de aulas e nos recreios a alunos até ao sexto ano (11/12 anos de idade), vem aí um plano “Aprender Mais Agora” complementa o novo modelo de avaliação externa e as medidas implementadas para responder à falta de professores no objetivo do Governo de “convergir para um sistema com mais qualidade”, explicou o ministro da Educação, Ciência e Inovação. No âmbito das aprendizagens, Fernando Alexandre descreveu uma tendência de degradação desde 2018, evidenciada pelos resultados dos alunos portugueses nos estudos internacionais e aponta a meta para 2028.

“O objetivo é que no período de 2025 e 2028 possamos ter uma melhoria nos resultados e retomar o processo de convergência da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE)”, explicou.

Insucesso vai ter “tutorias psicopedagógicas”

A prevenção do insucesso passará por tutorias psicopedagógicas e pelo envolvimento de professores aposentados no apoio à aprendizagem, que terão um papel nas mentorias a jovens professores e apoio pedagógico acrescido.

O plano passa ainda pelo fim do projeto de Monitorização, Acompanhamento e Investigação em Avaliação Pedagógica (MAIA), criado em 2019 com o objetivo de melhorar os processos de ensino, de aprendizagem e de avaliação pedagógica, mas que tem sido muito contestado pelos professores, que se queixavam do excesso de trabalho burocrático associado. Segundo o ministro, as orientações sobre avaliação pedagógica passarão a centrar-se na Direção-Geral da Educação.

A partir do próximo ano, serão também revistos os indicadores sobre abandono escolar precoce, no âmbito de uma nova estratégia para o combate ao abandono.

Alunos imigrantes aumentaram 160% em seis anos

Além destas medidas, o MECI sublinha a necessidade de prestar particular atenção aos alunos imigrantes que, desde 2018, aumentaram 160% nas escolas portuguesas.

“É um problema bom, mas coloca imensos desafios, em particular ao sistema educativo e ao papel que tem na integração e sucesso destes jovens”, sublinhou Fernando Alexandre, acrescentando que “não é um desafio específico das regiões de Lisboa e Algarve”, onde os alunos migrantes têm maior peso, mas alargado a todo o país.

Nesse âmbito, o Governo prevê contratar mediadores linguísticos e culturais e rever a disciplina de Português Língua Não Materna (PLNM), com a criação de um nível zero, para os alunos estrangeiros não oriundos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A tutela vai ainda enviar às escolas orientações para os casos em que os alunos são integrados a meio do percurso escolar, no que respeita à forma de avaliação e ao posicionamento no ensino básico.

“Tem que haver um cuidado, em particular, às competências da língua portuguesa, para que o percurso desses estudantes não seja prejudicado e, sobretudo, para que o potencial enorme que muitos têm seja devidamente aproveitado e não sejam prejudicados simplesmente porque não dominam a língua portuguesa”, referiu.

Por outro lado, para ajudar igualmente as famílias, o Governo vai alargar a rede de cursos de língua portuguesa.

com Lusa