Quase 40% dos suicídios femininos acontece na Índia

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Cerca de duas em cada cinco mulheres no mundo que cometem suicídio são indianas. As conclusões são de um estudo, publicado esta semana, na revista de ciência e medicina Lancet e revelam uma taxa que é vista como um problema de saúde pública, pelas autoridades do país.

Apesar de a taxa ter vindo a cair a desde 1990, a sua redução não tem sido tão rápida como noutros pontos do globo e representa 36,6% do total de casos no sexo feminino, a nível mundial.

Os investigadores que realizaram o estudo – pertencentes a grupos de investigação de saúde pública, na Índia – sublinham que a taxa de suicídio entre as mulheres indianas é três vezes mais alta do que seria previsível em países com indicadores socioeconómicos e geográficos semelhantes.

“O [número] desproporcionalmente elevado de mortes por suicídio na Índia é uma crise de saúde pública”, defendem os autores do estudo.

Casamentos precoces, antes dos 15 anos, a que se juntam violência de género e sexual – recorde-se que em 2016, registaram-se 39 mil violações, mais 12% que em 2015 – e violência doméstica, fraca autonomia financeira e um baixo estatuto na sociedade estão entre os fatores que explicam aquela taxa de suicídio, apontados pelos especialistas que analisaram os dados estatísticos.

“Isto mostra que as raparigas na Índia enfrentam sérios problemas”, afirmou, citada pelo The Guardian, Poonam Muttreja, a diretora executiva o grupo dedicado à saúde pública, Population Foundation of India, que conduziu uma investigação, na qual 62% das mulheres inquiridas respondeu ser legítimo ser agredida pelos maridos.

Segundo o estudo, as indianas que se suicidam serão mulheres casadas, com idades abaixo dos 35 anos, e dos estados mais desenvolvidos do país. A investigação assinala ainda que o facto de o suicídio só ter descriminalizado recentemente, pode esconder uma taxa superior à demonstrada, uma vez que as famílias e os médicos acabam por esconder os casos da polícia e do estigma social.

 

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