Quase sete em cada dez jovens consideram legítima a violência no namoro

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[Fotografia: Pexels/Roman Odinstov]

Os dados relativos ao ano de 2023 mostram que quase sete em cada dez (67,5%) dos jovens consideram legítima a violência no namoro, dos quais 53,1% ‘aceitam’ o controlo, 36,8% a violência psicológica, 31,2% a violência sexual, 25,5 % a perseguição, 22,1% a violência através das redes sociais e 9,6% a violência física.

Entre estes quase quatro mil jovens, cuja média de idades é de 15 anos, 35,7% considera aceitável pegar o telemóvel ou entrar nas redes sociais sem autorização, outros 30,7% que é expectável insultar durante uma discussão, 30,2% que se pode pressionar para beijar e 8,6% entendem mesmo que podem magoar fisicamente sem deixar marcas.

No que diz respeito às diferenças por género, é sempre por parte dos rapazes que a legitimação é maior, com destaque para o comportamento de controlo “pegar o telemóvel ou entrar nas redes sociais sem autorização”, em que a legitimação entre os rapazes (64,1%) é superior à das raparigas (44,2%).

Por outro lado, no que diz respeito aos indicadores de vitimação, o estudo da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), divulgado esta terça-feira, 14 de fevereiro, e a propósito do Dia dos Namorados, mostra que 65,2% dos inquiridos admitiu já ter sofrido de violência no namoro, sendo que 45,1% reconheceu ter sofrido violência psicológica e 44,6 % diz ter sido vítima de controlo. Os indicadores mais frequentes desta dimensão são insultar durante uma discussão (35,4%), proibir de estar ou falar com uma pessoa amiga ou colega (25,3%) ou procurar insistentemente (23,3%).

Também na vitimação há uma diferença de género, com uma prevalência de vítimas entre as raparigas, sobretudo na violência psicológica (48,5%), controlo (46,4%) ou perseguição (26,2%).

Os números relembram “um longo percurso a fazer para a prevenção da violência na intimidade ao longo da vida”. Margarida Pacheco e Cátia Pontedeira, investigadoras da UMAR, afirmaram que é “importante complementar este estudo quantitativo com outros qualitativos para melhor se compreender as dinâmicas de violência nas relações nestas idades“.

Contudo, alertaram para o facto de os questionários não permitem compreender as nuances das perceções das pessoas, “quando falamos de legitimação não podemos deduzir que os jovens considerem ‘normais’ os comportamentos questionados”, salientaram.

O Estudo Nacional de Violência no Namoro da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) foi revelado durante uma conferência de imprensa sobre prevenção e combate à violência no namoro, a propósito do dia de São Valentim.