“Queremos desafiar as mulheres a serem vaidosas e autênticas”. Cláudia Vieira e Gabriela Pinheiro lançam coleção sustentável

Claúdia vieira
[Fotografia: Divulgação]

A apresentadora da SIC e atriz Cláudia Vieira e a stylist Gabriela Pinheiro apresentam esta quinta-feira, 13 de outubro, a primeira coleção cápsula, a Obsidian.

Em entrevista por escrito ao Delas.pt, as fundadoras falam do projeto que vai ser apresentando no Portugal Fashion esta quinta-feira, 13 de outubro, dos desafios do lançamento de uma marca em tempo de crise e dos vetores de sustentabilidade a que quiseram dar prioridade.

[Fotografia: Divulgação]
Dos materiais usados aos salários pagos na indústria que escolheram para fazer a coleção, Cláudia e Gabriela, consultora de imagem da apresentadora há mais de uma década, explicam como trabalharam esses eixos em momento de estreia.

Obsidian é, como explica Cláudia Vieira, um “nome forte, cheio de energia”. “Obsidian é a nossa base, é resistente e delicada, é intensa e frágil. Expele a negatividade, reflete a positividade”, prossegue.

Leia a entrevista a ambas abaixo

Apresentadora e atriz Cláudia Vieira e consultora de imagem Gabriela Pinheiro [Fotografia: Divulgação]
Apresentadora e atriz Cláudia Vieira e consultora de imagem Gabriela Pinheiro [Fotografia: Divulgação]
Porquê Obsidian?

Cláudia Vieira (CV): Não é fácil escolher nomes de marcas. Queríamos um nome forte, cheio de energia. Pensamos em vários nomes e uma das sugestões da Gabi (Gabriela Pinheiro) foi Obsidian. Eu não conhecia e quando a Gabi me explicou o significado, achei que fazia todo o sentido. Tudo o que pretendíamos transmitir às mulheres com a nossa coleção estava lá. Obsidian – uma rocha ígnea, um vidro escuro natural formado após o arrefecimento de lava derretida e protetora contra as energias negativas – é a nossa base. É resistente e delicada, é intensa e frágil, expele a negatividade, reflete a positividade.

Porquê o lançamento desta coleção cápsula? É para continuar?

Gabriela Pinheiro (GP): Chamamos-lhe coleção cápsula porque se trata de uma coleção temática em que as peças combinam entre si e que não terá reposição de peças. Sim, é para continuar, mantendo esta lógica de coleções com identidades distintas e limitadas.

Como surgiu o projeto? Há quanto tempo estava pensado? Em concreto, qual o nível de envolvimento de Cláudia Vieira e de Gabriela Pinheiro?

CV: Eu e a Gabriela passamos os dias às voltas das roupas. A Gabriela ainda mais do que eu…este era um sonho da Gabi, falámos diversas vezes sobre lançar uma marca, até que chegou o dia em que decidimos por mãos à obra. Trouxemos mais uma pessoa para a equipa, a Raquel Vasconcelos, com experiência de Marketing e Vendas e, em 2021, criámos a marca. Neste lançamento foi tudo acompanhado a três, é natural que, com o tempo, vamos dividindo mais as tarefas, mas todas temos muito a aprender e por isso queremos estar a par de todo o processo.

Apresentadora e atriz Cláudia Vieira e consultora de imagem Gabriela Pinheiro [Fotografia: Divulgação]
Apresentadora e atriz Cláudia Vieira, consultora de imagem Gabriela Pinheiro e responsável de Marketing e Vendas Raquel Vasconcelos [Fotografia: Divulgação]
Qual a inspiração deste projeto?

GP: Quanto ao processo criativo, começámos por nos inspirar nas tendências e depois adaptámos aos nossos gostos, por forma a que a coleção fosse constituída por peças que utilizaremos por muito tempo. Por exemplo, o xadrez é uma tendência com a qual nos identificamos e da qual gostamos muito, pelo que decidimos apostar nele, um padrão foi desenvolvido de raiz para a Obsidian.

Desafios e dificuldades de por um projeto desta dimensão em marcha, em Portugal, em contexto de aumento de custos de matérias primas, custos de produção e capacidade de compra dos portugueses?

CV: Produções mais pequenas, made in Portugal, que utilizam matérias-primas mais sustentáveis e que produzem peças que ficarão no armário por muito tempo. Não conseguem produzir aos preços de custo das marcas fast fashion, mas felizmente a consciência das consumidoras é cada vez maior, e são cada vez mais a mulheres que preferem ter menos peças, mas de qualidade, o que tem contribuído para o aparecimento de marcas como a nossa.

Em que medida se diferencia das peças que podem ser encontradas no mercado? Por onde se quer diferenciar?

GP: Se tivesse que caracterizar a Obsidian em três palavras que a diferenciam, diria: design, matérias-primas sustentáveis e de qualidade.

Que expectativas têm? Como esperam ser recebidas pelas clientes?

GP: Quando pensámos avançar com a marca, fizemo-lo no sentido de desenvolver coleções para todas as mulheres em geral. Na realidade, não fechámos a um público-alvo porque acreditamos na diversidade e pretendíamos que as nossas peças ficassem bem em variados tipo de corpos e que agradassem a variadas personalidades, de diferentes idades. Foi muito interessante ver a reação das mulheres mais próximas, tanto as nossas mães como as nossas filhas ficaram com muita vontade de ter algumas das peças da coleção Esperamos surpreender as nossas futuras clientes e, no fundo, o que queremos é desafiá-las a serem vaidosas e autênticas, sem medo de arriscar, mesmo quando não estão na sua zona de conforto.

Falam nas emissões de gás e da poluição (a moda é um dos maiores poluidores a nível mundial), em que medida a coleção é sustentável e ambientalmente consciente? Em concreto, quais os parâmetros respeitados? E quais os materiais usados e porquê?

GP: O setor da moda, desde a produção das matérias-primas, aos processos de fabrico tem vindo a implementar muitas mudanças no sentido de reduzir o impacto no ambiente. Optámos por matérias-primas recicladas e também as naturais, com processos de produção certificados, o que garante uma otimização dos recursos. Em concreto, o xadrez foi trabalhado em Polyester Reciclado obtido a partir de garrafas e de resíduos industriais de poliéster ou vestuário. Com a escolha deste material, estamos a contribuir para a redução de emissões de CO2 e evita que os plásticos acabem em aterros, ajudando assim a reduzir as emissões tóxicas. Num segundo ponto, as T-shirts são feitas de ALGODÃO SUPIMA, que é uma planta muito especial, plantada na América há muitas gerações. Representa menos de 1% de todo algodão cultivado no mundo. O facto de este material ter mais 35% de comprimento do que o algodão normal significa que produz uma fibra mais suave e lustrosa, tornando-o um tecido naturalmente mais forte e mais macio que retém a cor com mais qualidade. Em terceiro, na camisa optámos por POPELINA BCI. A Better Cotton Initiative é um grupo multissetorial sem fins lucrativos que promove melhores práticas na produção de algodão em vários países. Os agricultores da BCI recebem formação sobre como usar a água de forma eficiente, cuidar da saúde dos solos e dos habitats naturais, minimizar o impacto de práticas prejudiciais, preservar a qualidade da fibra e aplicar princípios de trabalho justos.

[Fotografia: Divulgação]
Um dos vetores da sustentabilidade tem a ver com o salário pago a quem produz. Tratando-se de um setor maioritariamente feminino com salários baixos e desiguais em Portugal, o que foi tido em linha de conta pela Obsidian neste aspeto concreto?

CV: Trabalhamos com empresas que estão no setor há muitos anos. A realidade dos salários baixos em Portugal infelizmente não se limita a este setor, é comum a todos. O que sabemos é que trabalhamos com empresas que pagam acima do salário mínimo e que, se não existissem nas zonas onde estão instaladas, provavelmente haveria muito desemprego porque não existem alternativas. Sempre que vamos às fábricas vemos trabalhadoras e trabalhadores dedicados e felizes por estarem a trabalhar numa marca nova portuguesa!

A partir de quando e onde estarão disponíveis as peças?

GP: As peças estarão disponíveis a partir de dia 13 de outubro no nosso site: www.obsidian.pt. Fisicamente, estarão presentes em espaços no Porto, Just Fashion e Loja das Meias (Norte Shopping), e em Lisboa, na Loja das Meias (Amoreiras).