R. Kelly: “um monstro”, “pior que Harvey Weinstein”?

O músico R. Kelly é acusado, por várias mulheres, de ter tido relações sexuais com adolescentes menores de 16 anos, de violência doméstica, pela ex-mulher, Andrea Lee, e de ter feito de namoradas escravas sexuais, isolando-as da família. E a própria filha diz agora, num texto em que fala, pela primeira vez, sobre o assunto, estar consciente do “monstro” que os outros dizem que ele é.

Joann Kelly (também conhecida por Buku Abi) pronunciou-se publicamente, esta semana, sobre as acusações contra o pai, com quem não fala há vários anos.

A filha mais velha do popular cantor de R&B, dos anos 1990, escreveu um longo texto, partilhado no Instagram, e repartilhado entretanto por várias personalidades. Nele explica, entre outras razões, porque não falou mais cedo e solidariza-se com as alegadas vítimas e respetivas famílias.

“O monstro com o qual me estão a confrontar é o meu pai. Estou bem consciente de quem e do que ele é. Cresci na sua casa”, começa por dizer, a meio do texto, acrescentando que a decisão de se remeter ao silêncio e de “não falar sobre ele, nem sobre o que ele fez”, se deve ao seu próprio “estado emocional”, para que possa ter “paz de espírito” e para a sua própria “cura”, refere no texto, que diz ter demorado três dias a escrever.

Sem entrar em pormenores, Joann Kelly dá a entender que também ela se encontra a recuperar de tudo o que tem vindo a público sobre o pai, além de uma história familiar marcada pela violência doméstica.

As acusações que pendem sobre R.Kelly deram origem a um documentário, com o título Surviving R. Kelly, onde o músico John Legend foi dos poucos que aceitou participar. “A todos aqueles que me dizem quão corajoso sou por aparecer no documentário, não sinto de todo que tenha corrido algum risco. Eu acredito nestas mulheres e estou-me a borrifar para a proteção de um violador de crianças em série. Decisão fácil”.

A frase foi partilhada pela modelo e atriz Cara Delevingne, na sua página de Instagram, que considerou R. Kelly pior que Harvey Weinstein (recorde, na galeria, a lista de mulheres que acusou Weinstein de assédio, abuso ou violação).

“Este homem é um predador que se alimenta do poder e na minha opinião é ainda pior que o Harvey Weinstein e precisa de ser responsabilizado. Não estou a tentar comparar os dois, a minha questão é que o Harvey está a ser investigado e R. Kelly não”, refere, como mostra o post abaixo.

 

Lady Gaga retira música que fez com R. Kelly de todas as plataformas online

Lady Gaga também revelou, na sua conta de Twitter, que vai retirar a canção que gravou com o autor de “I Believe I Can Fly”, em 2013.

O tema em causa, “Do What U Want (With My Body)”, acaba por evocar as acusações de que R. Kelly é alvo, apesar de ter a ver com um “momento obscuro” da vida da cantora, também ela vítima de abuso sexual, no passado, por um produtor musical.


“Estava zangada e ainda não tinha processado o trauma que tinha ocorrido na minha vida”, referiu, acrescentando que a canção mostra como estava perturbado o seu pensamento na altura.

“Não posso voltar atrás, mas posso continuar a apoiar as mulheres, homens e pessoas de todas as identidades sexuais, de todas as etnias, que são vítimas de agressão sexual”, afirmou Gaga, num longo texto, que terminou com o anúncio da retirada do tema do iTunes e de outras plataformas de venda e streaming de música.