Raquel Sampaio: a modelo e nova aposta da SIC que sonha ser engenheira

Aos 14 anos, Raquel Sampaio conseguiu aquilo com que muitas meninas sonham: ser modelo. Agora, com 19, acaba de se estrear na televisão portuguesa, dando vida a Débora na novela Vidas Opostas, em exibição na SIC. Despachada e faladora, Raquel considera-se uma miúda com os pés bem assentes na terra e por isso mesmo, apesar de estar a apostar na carreira artística que tem vindo a construir nos últimos anos, não deixou de lado os estudos.

Curiosas para conhecer melhor esta jovem a quem não falta energia, fomos perceber como é ser Raquel por um dia. Entre aulas, gravações, amigos, família e desporto, a modelo e atriz reservou uma horinha para se encontrar connosco e desvendar mais sobre si. Numa conversa animada, revelou-nos como se tornou modelo e chegou a atriz, o que come e o que não come, os desportos que pratica, assim como as séries que vê quando opta por ficar no sofá. Fama, apoio familiar e planos para o futuro foram ainda outros temas abordados. No fim, Raquel alinhou no nosso desafio do Eu Nunca… e completou cinco frases com as primeiras ideias que lhe vieram à cabeça – as respostas estão todas na galeria de imagens acima.

Trabalhos de Raquel Sampaio como modelo. [Fotografias: DR]

És de onde?

Nasci na maternidade Alfredo da Costa (Lisboa), por isso sou uma alfacinha. Mas atualmente, vivo longe de Lisboa, em Arruda dos Vinhos. Por isso, acordo às 6h30 da manhã. Nunca vivi em Lisboa. Primeiro morava na Bobadela, depois mudei-me para Alverca e fui-me afastando cada vez mais da capital até chegar a Arruda dos Vinhos.

Além de dares vida a Débora, personagem que os portugueses podem conhecer em Vidas Opostas, também continuas a estudar. Estudas onde e o quê?

Estudo em Chelas, no ISEL (Instituto Superior de Engenharia de Lisboa) e estou a estudar engenharia eletrónica de telecomunicações e de computadores.

Porquê essa área?

Sempre gostei de desmontar coisas e perceber como é que tudo funciona por dentro. Acho fantástico os telemóveis, os eletrodomésticos, a eletricidade… tudo à nossa volta tem um bocado de tecnologia e eu sempre vivi apaixonada por tecnologia. Era uma área que tinha a certeza que tinha de ter na minha vida.

“Sinto outro tipo de responsabilidade, porque estou ali a representar o sexo feminino que não está em peso”

Dados os estereótipos existentes, essa é uma área mais associada ao sexo masculino. Sentes isso lá?

Não, somos tratadas exatamente da mesma forma, não há distinção nenhuma. Mas claro que sinto outro tipo de responsabilidade, porque estou ali a representar o sexo feminino que não está em peso. Quando entrei, o ano passado, ao todo entraram cerca de 100 estudantes, 95 eram rapazes, ou seja, cinco eram raparigas.

Entraste na faculdade no mesmo ano em que começaste a gravar a novela. Foi complicado organizar os horários das gravações com os das aulas?

Foi preciso muita disciplina. A minha relação com a produtora SP Televisão e com a novela começou em novembro, a meio do meu primeiro semestre. Ou seja, a primeira parte do meu primeiro semestre correu muito bem, mas a partir de novembro tive que tomar uma decisão e comprometi-me com a SIC, com a SP e com a novela. Foi uma decisão da qual não me arrependo. Acho que há momentos para fazer tudo e engenheira vou poder ser a minha vida toda. Mas estas oportunidades podem acabar por escapar e não queria que isso acontecesse, por isso comprometi-me com a novela e começámos a gravar em janeiro.

Ficou alguma coisa para traz?

No primeiro semestre ainda fiz algumas cadeiras, no segundo já não consegui fazer porque as gravações começaram a ser um bocado intensivas, deixei de conseguir ir às aulas, faltava muito às aulas práticas que são importantes. Por isso, optei: ok, vou-me concentrar, vou fazer a novela, vou fazer isto como deve ser, porque é o meu trabalho, é algo que as pessoas vão ver, vão avaliar e que vai ficar associado ao meu nome. E é isso que estou a tentar fazer desde então. Agora já estamos na fase final do projeto, então estou mais relaxada.

“Quero experimentar muita coisa. Sonho com muita coisa, tenho uma lista!”

Como surgiu a oportunidade? Ser atriz era algo que já querias experimentar?

Sim. O meu problema é que quero experimentar muita coisa. Não posso dizer: “Ah, sonho com isto desde pequenina”, não. Eu sonho com muita coisa, tenho uma lista! E de facto, era uma das coisas que queria fazer: experimentar ser atriz. A oportunidade não foi algo que tivesse andado à procura, foi a minha agência que me mandou o casting, a L’Agence. E eu fui. Fui ver no que é que dava e deu certo.

Como foi esse momento?

Correu bem, foi um casting muito descontraído e muito engraçado, porque eles mandaram-me dois textos para eu decorar e eu não tinha percebido que só tinha de decorar um deles. Então cheguei lá e disse: ‘Qual é o texto que vou dizer primeiro?’ e eles: ‘Ah só tens de dizer um’. E eu: ‘Não, não não. Eu posso dizer os dois” e ficámos ali um bocado a decidir. Acho que foi isso… foi por causa disso que eu os conquistei!

E ser modelo foi algo pensado, algo que querias?

Também era uma das coisas da lista. Talvez em primeiro lugar, antes de ser atriz. E foi isso mesmo que aconteceu. Em 2014, vi o concurso da L’Agence e pensei: ‘Porque não?’, inscrevi-me em agosto e soube em outubro. Quando me ligaram, lembro-me perfeitamente que estava a ver televisão em casa, quietinha da vida. Ligaram-me e disseram: ‘Olha Raquel, fala da L’Agence. Tu mandaste fotos para um concurso’, e eu: ‘O quê? Não me lembro’. Depois lá me lembrei e tinham-me ligado para dizer que tinha ficado nas dez finalistas, na altura fiquei: ‘Ahh!!’. E pronto… a partir daí foi toda uma aventura que ainda estou a viver.

“Nunca vou mudar pela fama. Sou uma pessoa muito terra-a-terra e acho que isso nunca me vai afetar”

Agora, além do mundo da moda, encontras-te no mundo da televisão, onde a visibilidade que se ganha é maior. Sentiste isso?

Sim, é completamente diferente! Mesmo! Só no meu crescimento social senti logo muito. Quando comecei a novela nem tinha dois mil seguidores, agora tenho treze mil. E em quatro anos de modelo nunca tive este crescimento. Recebo mensagens de fãs – palavra que me custa ainda a dizer. São mensagens de pessoas que gostam do meu trabalho… e isso deixa-me muito feliz. Vou ficar sempre muito feliz por receber este tipo de mensagens, mas nunca vou mudar pela fama. Nunca vou mudar pela fama. Sou uma pessoa muito terra-a-terra e acho que isso nunca me vai afetar. Nunca se diz nunca, mas eu digo nunca. Tenho a minha educação muito bem estruturada.

Nesta área ouve-se muito falar em amizades por interesse. Não tens receio de te tornares mais reservada como defesa?

Eu fui assim a minha vida toda. Sou uma pessoa muito extrovertida e, ao mesmo tempo, uma pessoa muito reservada no que toca à minha vida pessoal. Falo muito, mas raramente é sobre a minha vida íntima e isso é algo que tenho desde sempre. Gosto da minha privacidade. Por outro lado também sou um livro aberto, se me fizerem perguntas respondo, mas a maioria das vezes não parte de mim falar dos meus problemas ou de coisas muito pessoais. Por isso, a fama não vai mudar nada, já tenho isso.

E a família e os amigos que já te acompanham, onde ficam no meio disto tudo?

Ahh, os meus amigos são fantásticos! Amigos e família compreendem quando não posso e apoiam-me, dizem que não há problema nenhum e não sinto pressão nenhuma. Quando estou com eles sou muito feliz! Além disso também tenho muita sorte porque, por acaso, trabalho com pessoas de quem gosto. Quando estou a trabalhar, seja com atores, com amigos modelos ou com os meus agentes… Sou muito feliz com eles todos, e sinto que nunca estou a trabalhar. O que é muito fixe.

“Gosto de me manter ativa, não só por causa da aparência, como também pela parte psicológica”

Sendo tu filha do desportista Mário Aníbal, o desporto também faz parte do teu dia-a-dia? Praticas algum?

Pratico, sempre pratiquei e sempre fui uma criança muito ativa. Com oito anos fazia natação, tenho o pé gigante! Tenho barbatanas já naturalmente.

Quanto é que calças?

Ahahaha. 42, mas sou proporcional!

E que mais desportos pratica uma rapariga que calça o número 42?

Então, além de fazer natação, aos oito anos também fazia jazz e dança contemporânea. A partir dos 12 anos, virei-me para o hip hop que é a minha paixão na área da dança, adoro hip hop. Adoro, adoro, adoro! E a uma cerca altura, talvez aos 15 ou 16 anos comecei a treinar ginásio. Em casa tenho equipamentos e às vezes corro, não debaixo de sol, porque odeio sol. Mas gosto de me manter ativa, não só por causa da aparência, como também pela parte psicológica. Muito mais do que física, é uma coisa psicológica, é saber que estamos a cuidar do nosso corpo, a fazer bem a nós próprios. Atualmente faço mesmo só ginásio, corro e danço, dançar faz parte da minha rotina.

“Sou capaz de não comer à refeição para comer doces. A sobremesa não vai para a barriga, vai para o coração!”

E a alimentação? É algo com o qual tens algum cuidado?

Não como carne há dois anos e peixe recomecei há pouco tempo. Deixei de comer carne por consciência animal, não foi por nenhum tipo de dieta nem nada disso, mas notei logo muitas diferenças no meu corpo. Na minha digestão, no meu cansaço, em tudo… o corpo muda muito.

E há alguma coisa que não comas mesmo? Que não gostes?

Hmmm… não. Gostava muito de te poder dizer que não gosto de bolos, que não gosto de açúcar, mas não. Sou uma pessoa de doces, mesmo. Sou capaz de não comer à refeição para comer doces. E há uma teoria, que defendo com unhas e dentes, que é: quando a pessoa está satisfeita e diz ‘ah já não vou comer sobremesa que já estou cheia’, não! A sobremesa não vai para a barriga, vai para o coração! Podemos comer sempre sobremesa, é a melhor coisa do mundo. Vai para o coração diretamente! Faz-nos felizes.

Já percebi que não gostas mesmo de sol. O que mais gostas no tempo frio?

Frio, frio, frio. Lido mesmo muito mal com o calor, sinto-me muito desconfortável. Tenho que estar sempre a pensar ‘Ai amanhã tenho de ir de calções, cavas…’, é muito stressante. No inverno, se uma pessoa tiver frio, veste mais coisas, agarra-se a uma mantinha… fica a ver filmes na Netflix! No verão não… se tens calor não te podes despir mais, não podes tirar a pele. Enfim…

“Game of Thrones, é a minha série favorita de todos os tempos”

Tens séries preferidas?

Tenho! No topo da lista: Game of Thrones, é a minha série favorita de todos os tempos. Depois tenho Stranger Things e tenho outra que comecei a ver há pouco tempo, chama-se Dark. É uma série alemã e é muito, muito boa. Fala de uma coisa que me interessa muito que é a relação entre o tempo e o espaço e se o futuro está ligado com o passado, se o passado está ligado com o presente, o que é o presente. Recomendo! Dark! É muito fixe.

Tendo tu entrado agora no mundo da representação e podendo vir a desenvolver outros projetos, quem sabe até integrar uma série, há alguma atriz com quem gostasses de vir a contracenar?

Essa pergunta é muito difícil… em Portugal acho que já tive imensa sorte com as pessoas com quem estou a contracenar. A Maria João Luís, nomeadamente, que eu admiro imenso e considero uma atriz fantástica, foi das primeiras pessoas com quem eu contracenei. Ela é do género: lê a cena uma vez, ali, no sítio e decora as ideias, depois a coisa sai muito mais naturalmente. E se eu precisasse de uma palavra e ela não dissesse essa palavra para eu dar a minha fala, tinha que me desenrascar. Aprendi muito com isso, fez-me muito, muito bem. Com qualquer pessoa de fora, já era muito fixe contracenar…

E se pudesses escolher uma celebridade, a nível mundial, para jantar? Quem escolherias?

Michel Obama. Primeiro porque tenho uma grande admiração por esta mulher, lutou a vida toda, os avós dela foram escravos e ela foi a primeira-dama dos Estados Unidos, com dois cursos superiores. Adoro esta mulher, acho que ela tem um saber estar, uma postura, fantástica, mesmo.

O que terá respondido Raquel Sampaio no desafio do ‘Eu Nunca…’? As imagens da galeria acima revelam tudo. [Fotografias: Paulo Spranger / Global Media]

[Imagem de destaque: Paulo Spranger / Global Media]

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