Rebecca Smith: “As equipas masculinas podem ajudar a crescer as femininas”

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Esteve dentro das quatro linhas durante anos, mas é agora do lado de fora dos relvados que fala Rebecca Smith. Esta ex-futebolista e internacional neozelandesa mantém o olhar absolutamente atento para o que se passa na modalidade feminina.

Rebecca Smith [Fotografia: Álvaro Isidoro/Global Imagens]
Rebecca Smith, antiga jogadora de futebol e responsável na COPA90 [Fotografia: Álvaro Isidoro/Global Imagens]
À margem da conferência sobre a indústria do futebol, a Soccerex, que teve lugar em Oeiras, a atual diretora executiva da Women’s Game para a Copa90 falou dos públicos, diz que o do futebol feminino “é mais inclusivo” e do que é preciso fazer para a que a modalidade cresça mais. E convoca os homens, os clubes com equipas masculinas para a empreitada.

Como podem as equipas femininas de futebol crescer?

Dos clubes que vi, aqueles nos quais as equipas femininas mais têm crescido têm sido aqueles em que as masculinas estão a lado das femininas, fazendo com que elas beneficiem das sinergias, dos elementos dos clubes masculinos, das instalações, do marketing, dos media, com os jogadores a captarem e a atraírem mais atenção para as mulheres. Creio que os clubes com equipas masculinos podem ajudar a crescer as femininas

E isso aplica-se ao interesse comercial?

Já há interesse comercial e mediático nas mulheres. Aqui seria um a puxar pelo outro.

Mas chegarão a um mesmo patamar?

Não tem a ver com o facto de as mulheres atingirem o mesmo nível que os homens, creio que é diferente. É um desporto, um segmento de mercado diferente. Não deveríamos comparar. Embora as mulheres tenham a maior expectativa de crescimento na área desportiva, ele pode ser muito rápido e pode ser feito da melhor forma, usando as sinergias e os acessos que já existem para os clubes. Mas devem ter atenção para não fazerem exatamente o mesmo. Não fazer copy paste do que se tem vindo a fazer no masculino.

“Não fazer copy paste do que se tem vindo a fazer no masculino”

O que não deve ser copiado?

Depende. Não se consegue fazer uma generalização porque depende sempre do clube. Imagine, num deles fará sentido pôr todos os direitos numa única plataforma, mas num outro não porque a equipa feminina é recente, ainda está a começar, não tem histórico na liga. São caraterísticas muito específicas.

Trabalhando com públicos, sobretudo femininos, quais são as diferenças de público e de fãs que nota entre o futebol feminino e masculino?

Globalmente, acho que é provavelmente mais inclusivo, tem mais mais famílias, mais homens, mulheres, crianças e creio que o futebol feminino é mais transversal. Mas acho que é uma base de fãs muito inclusiva.

Os patrocinadores e marcas estão atentos ou o que lhes falta?

Acho que eles estão a reconhecer isso agora, depois do Mundial de França.

Imagem de destaque: Álvaro Isidoro/Global Imagens

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