T.J. Shope é homem, tem 32 anos, é um político republicano do Arizona e está a receber, no email e no correio, milhares de produtos de higiene íntima feminina: tampões e pensos higiénicos.
Esta foi a resposta que as reclusas daquele estado norte-americano encontraram para reagir à decisão que ele tomou e que foi no sentido de travar um projeto de lei que instituía a entrega gratuita daqueles produtos a mulheres que estão presas. Uma corrente que segue, também, o seu curso nas redes sociais e com o hastag #LetItFlow.
Mas se T.J. Shope impediu a medida, já antes outro republicano tinha demonstrado todo o seu desconforto com esta proposta. “Quase que lamento ter sido levado a ouvir este projeto de lei”, declarou Jay Lawrence, citado pelo site Bustle. “Não esperava ter de ouvir falar em pensos, tampões e problemas menstruais”, acrescentou.
Proposta pela democrata Athena Salman, a medida legislativa, orçamentada em 80 mil dólares (65 mil euros), previa a entrega de todos os produtos menstruais sem que as mulheres detidas tivessem de pagar por eles.
À CNN, a autora do articulado considerou que se trata de “uma questão que diz respeito à dignidade básica de uma mulher” e lamenta que a lei não tenha recebido o apoio de que necessitava. “Ao negar estes produtos de higiene íntima adicionais, estamos a violar a dignidade de uma mulher, o que é profundamente errado”, analisou.
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Atualmente, as reclusas do estado do Arizona têm direito a 12 pensos higiénicos por mês, e só podem ter 24 num determinado momento. Não têm acesso a tampões e até têm preferido comprar caixas por considerarem que se trata da forma mais confortável para lidar com a situação e nas circunstâncias em que se encontram. Segundo as contas apresentadas por aquele site, se uma hora de trabalho de uma prisioneira vale 15 cêntimos de dólar, precisarão de 27 horas para poderem comprar uma caixa de tampões e garantir a higiene básica feminina.
A iniciativa pública agora em marcha alerta ainda para o facto de este constrangimento, que o sexo feminino vive em contexto prisional, ser muito mais amplo e transversal a todos os Estados Unidos da América, e não apenas nas prisões do Arizona. Apesar de sites avançarem que as prisões federais têm já medidas distintivas nesta matéria, a verdade é que elas depois não se estendem aos serviços prisionais e locais.
Imagem de destaque: DR