Um dos principais grupos contra a legalização do aborto na Irlanda afirmou esta sábado, 26 de maio, que o resultado do referendo de sexta-feira é “uma tragédia de proporções históricas”, admitindo praticamente a derrota na votação histórica.
O porta-voz do grupo Save the 8th, John McGuirk, que apoiou a campanha contra a legalização do aborto, referindo-se à 8.ª Emenda da Constituição que proíbe o aborto, disse à televisão irlandesa que muitos irlandeses “não vão reconhecer o país” quando acordarem.
As projeções avançadas durante a noite atribuíam uma vitória esmagadora aos apoiantes da legalização do aborto no país.
A Irlanda votou em massa, na sexta, para decidir se mudava ou mantinha uma das leis mais restritivas da Europa em matéria de aborto.
E, segundo as primeiras sondagens, logo após o fecho das urnas, os eleitores votaram maioritariamente pela mudança.
A primeira sondagem da Ipsos/MRBI para o jornal Irish Times, divulgada minutos depois de as urnas terem encerrado no sábado, deu a vitória ao “sim” com 68%, contra 32% do “Não”.
Estes números basearam-se em 4.000 inquéritos realizados à boca das urnas em 160 locais de voto, com uma margem de erro de cerca de 1,5%.
McGuirk referiu ainda que agora “será relativamente fácil” ao Governo irlandês poder aprovar no parlamento legislação mais liberal sobre o aborto.
“Não há nenhuma perspetiva de a legislação não ser aprovada”, lamentou o porta-voz.
O Governo irlandês defende que as mulheres sejam autorizadas a interromper a gravidez nas primeiras 12 semanas, com assistência médica certificada.
Os profissionais de saúde terão o dever de falar e debater a opção pelo aborto com a grávida, que terá de respeitar um período de três dias de reflexão.
Terminado este prazo, se mantiver a sua vontade, poder-se-á realizar a interrupção da gravidez.
Delas/Lusa