
A primeira-ministra britânica, Theresa May, está a enfrentar intenções de cisão por parte dos territórios do Reino Unido que não aceitam o Brexit (a saída do país da União Europeia, votado em referendo no ano passado). A Escócia e a Irlanda do Norte querem reiterar a sua ligação ao velho continente e recusam acompanhar a Inglaterra neste processo de rutura.
Mas Theresa May já veio dizer que esta não é a altura certa para estas tomadas de decisão, pelo que está a tentar acalmá-las.
Esta quinta-feira, 16 de março, a chefe do governo britânico veio dizer à ministra escocesa Nicola Sturgeon que “esta não é a altura” para um segundo referendo de independência, considerando que tal configuraria uma injustiça para as pessoas que votaram e que desconhecem ainda as conclusões a que as negociações do Brexit vão levar. “Os cidadãos não têm a informação necessária para os levar a tomar uma decisão tão crucial como essa”, afirmou a governante em entrevista à televisão britânica.
“Nesta altura, devíamos estar a trabalhar em conjunto para não nos separarmos. Devíamos estar a trabalhar em conjunto para obter o acordo certo para a Escócia, o acordo certo para o Reino Unido, essa é a minha função como primeira-ministra e é por isso que disse ao Partido Nacional Escocês (SNP, no original) que esta não é a altura certa”, declarou.
A primeira-ministra escocesa defende que os escoceses devem ter uma palavra final após o acordo e acusa May de ignorar os pedidos feitos por aquele território.O caso já levou à formação de uma petição para impedir a realização dessa consulta popular, tendo reunido 113 mil subscritores, tal é suficiente para dar entrada no parlamento esccocês para ser discutido (que precisa de 100 mil assinaturas).
Esta é a segunda vez, esta semana, que May vem dizer “não”. Na terça-feira passada, 14 de março, a governante rejeitou, na Câmara dos Comuns, o pedido de referendo feito pelo Sinn Féin, por forma a levar a Irlanda do Norte a juntar-se à República da Irlanda “assim que possível”.
Leia mais sobre a polémica aqui e conheça as consequências que podem ter lugar caso os Unionistas – que venceram as eleições por apenas um deputado – e o Sinn Féin – segunda força mais votada – não cheguem a acordo para formar governo
“Deveríamos estar todos focados em congregar todos os partidos para assegurar que continuamos a ter em funções uma administração descentralizada na Irlanda do Norte, como tem sido feito, no interesse do povo. Queremos que essa administração descentralizada seja formada e é nisso que todos os partidos devem estar focados no momento”, recomendou Theresa May.
A primeira-ministra britânica respondeu assim à líder do republicano Sinn Fein, Michelle O’Neill, depois de estar ter afirmado, um dia antes (segunda-feira, 13) que a saída do Brexit seria um “desastre para a economia” e para o território, e que uma Irlanda unida seria a forma de contornar os efeitos gerados por esta cisão.
Nigel Dods, vice-líder parlamentar dos unionistas, levantou a questão no parlamento inglês e declarou que esta votação “acrescentaria incerteza e divisão” e vincou que “tal votação está fora dos termos do Acordo de Belfast”,também conhecido por Acordo de Sexta-feira Santa. Em junho do ano passado, a Irlanda do Norte tinha referendado a permanência na União Europeia, tendo ganho por 56% dos votos. Em 2014, ainda antes do Brexit – a Escócia sufragou a independência do Reino Unido, mas na altura, 55% disse não à cisão.
Imagem de destaque: Toby Melville/Reuters