
A diferença salarial que as mulheres vivem face aos homens durante o período de vida ativa laboral tem impacto dramático no momento da reforma, aos 66 anos e sete meses, o que expõe o sexo feminino a um risco de pobreza superior
Se o momento da entrada nesta nova fase da vida é etariamente igualitário entre mulheres e homens, o mesmo não acontece com as contas. O que já era mau em tempo de vida ativa piora na aposentação, acentuando a desigualdade de género.
Se a diferença média de ganhos mensais entre mulheres e homens está nos 238 euros quando trabalham, como indica o relatório da Pordata, essa assimetria cavalga para os 316 euros. Segundo os dados avançados a propósito do dia Internacional da Mulher, que se assinala este sábado, 8 de março, as mulheres recebem, em média, uma pensão de velhice na ordem dos 516,42 euros, os homens auferem 832,57.
Rendimentos e desproporções que podem durar quase duas décadas – uma vez que a esperança média de vida das mulheres está nos 83 anos – e num período da vida muitas vezes marcado por doenças e debilidades.
Cálculos que, para a Pordata, demonstram que “as mulheres em Portugal estão mais expostas ao risco de pobreza, com uma taxa 2,2 pontos percentuais superior à dos homens”, e que se torna “mais acentuada na faixa etária dos 65 anos ou mais, onde a diferença ultrapassa os 5 pontos percentuais – 18,1% para os homens e 23,4% para as mulheres”. Ora, tal indica que “quase uma em cada quatro mulheres com 65 anos ou mais se encontra em risco de pobreza”, refere o estudo.
Nas pensões de invalidez, a história conta-se com os mesmos pressupostos, embora com uma diferença bem menor e a rondar os 67,8 euros de diferença entre géneros: elas com 492,08 euros de ganhos médios mensais e eles com 559,90 euros.
Nove em cada dez famílias monoparentais
estão nas mãos de mulheres
Se a velhice significa perda, a maternidade a solo é sinónimo de vulnerabilidade e risco. “Cerca de nove em cada dez agregados monoparentais são formados por uma mulher que vive sozinha com filhos”, refere o documento revelado pela Pordata. Uma realidade que castiga duplamente estas mulheres, que têm a cargo o trabalho de cuidado e não pago e não dispõem sequer de tempo para tentarem encontrar outros rendimentos porque estão a criar os filhos a tempo inteiro.
Evidências que as empurram para “uma das taxas de risco de pobreza mais elevadas”. Três em cada dez (31%) das pessoas que integram esta tipologia de famílias vivem com um rendimento mensal abaixo do limiar de pobreza, como se lê no documento. Contas feitas, a Pordata avança que são, em média, 632 euros para o adulto mais 189,6 euros por cada criança.