Mesmo saindo derrotada nas meias-finais pela panamiana Atheyna Bylon, Cindy Ngamba conquistou uma medalha, já que a modalidade atribui dois bronzes. A pugilista de 25 anos, que se mudou para o Reino Unido com 11 anos, tem o estatuto de refugiada depois de se assumir lésbica em 2021, o que lhe poderia valer a pena de prisão nos Camarões, onde a homossexualidade é considerada crime.
A vencedora da meia-final, Atheyna Bylon, também faz história, uma vez que será a primeira mulher do Panamá a conquistar uma medalha olímpica, independentemente do resultado da final.
A camaronesa foi porta-estandarte da Equipa Olímpica de Refugiados, que este ano conta com 37 atletas a competir em 12 modalidades. É a terceira vez que a equipa participa nos Jogos Olímpicos, depois de ter sido criada em 2016 para sensibilizar as pessoas para a situação dos refugiados, num momento em que se regista um número recorde de pessoas a fugir para a Europa. Em 2016, um milhão de pessoas, sem precedentes, fugiu para a Europa, escapando a perseguições e conflitos. Atualmente, existem 120 milhões de refugiados em todo o Mundo.
Embora alguns refugiados já tenham conquistado medalhas para os seus países de origem em Jogos anteriores, é a primeira vez que um atleta a representar a Equipa dos Refugiados sobe ao pódio.
O Comité Olímpico apoia atletas de elite deslocados como forma de sensibilização para o drama dos refugiados. “Permite-nos chamar a atenção e compreender a realidade global de que 120 milhões de pessoas, ou uma em cada 69 pessoas em todo o Mundo, foram forçadas a fugir das suas casas”, justifica Jojo Ferris, diretora da Fundação Refúgio Olímpico.