Reiki: 16 doenças e sintomas que a terapêutica ajuda a tratar

“Sou anestesista que faz terapia da dor e tenho muitos doentes que fazem Reiki”, começa por contar Teresa Vaz Patto. Esta médica que exerce no Hospital de Lisboa Central e também elemento da Assembleia Geral da Associação Portuguesa do Estudo da Dor (APED) explica ao Delas.pt que nota “no exercício do dia-a-dia, que a terapêutica faz bem e faz diferença nos doentes.”

“Mais do que agir sobre um sintoma, a técnica é multidisciplinar e há muitas áreas em que pode tocar, porque a dor, quando é crónica, vai trazer alterações a nível cognitivo, como a depressão, por exemplo”, justifica Teresa Vaz Patto.

E o Reiki, prossegue a médica, é “nesse aspeto uma terapêutica complementar“. A anestesista e terapeuta da dor ressalva, contudo, que nem sempre todas as pessoas obtêm os mesmos benefícios de todas as técnicas, assim como nem todos os antibióticos produzem os mesmos efeitos em todos os doentes.

Mas o que é o Reiki? E que benefícios trazem?

Em dia Internacional desta terapêutica, esta terça-feira, 15 de agosto, é bom lembrar o que é o Reiki. “É uma prática terapêutica que consiste na transmissão de energia por imposição das mãos, promovendo a cura física, mental, emocional e espiritual de todos os seres”, explica Maria da Luz Rodrigues ao Delas.pt.

A terapeuta e autora dos livros Reiki: A Energia Terapêutica que Cura e Crianças Espirituais especifica que a técnica é “uma energia de amor e cura que canalizamos através do nosso corpo e transmitimos, pela imposição das mãos, sobre qualquer ser, fluindo até ao ponto fragilizado“. Ora, é esta transferência que permite “o alivio de alguns traumas ou dores de uma forma suave”, esclarece.

“Diariamente, as pessoas têm tensões emocionais que provocam bloqueios energéticos a nível físico e mental, acabando por debilitá-las. Ao transmitirmos a energia Reiki, ela vai atuar ao nível do sistema nervoso central, provocando um relaxamento profundo e anulando bloqueios energéticos que possam existir“, especifica a terapeuta.

Áreas de atuação da terapêutica: do cansaço, à gravidez e ao cancro

Se Teresa Vaz Patto fala em melhoria do bem-estar ao nível das doenças crónicas, Maria da Luz Rodrigues sublinha que “ficou comprovado que os doentes com cancro sentiram uma redução dos efeitos secundários da quimioterapia, bem como melhorias a nível de ansiedade, fadiga e do seu estado geral”.

A estas patologias, juntam-se doenças de mulheres, ansiedade, stress, problemas do sistema imunitário. Uma técnica que, enumera Maria da Luz Rodrigues, pode ajudar não só na gravidez, como quem quer engravidar.

Mas estes são apenas alguns exemplos que pode encontrar na galeria acima, onde constam todos os benefícios que a técnica tem registado.

Vaz Patto é cautelosa no uso da expressão ‘benefícios comprovados’ porque são “necessários mais estudos científicos” para sustentar a tese. A médica não teme, porém, em falar de vantagens já bem identificadas e decorrentes do uso da terapêutica. A anestesista ressalva – e conta – até que quem trata da dor dos outros também pode procurar a terapia. “Há até alguns técnicos que trabalham na dor e também acham benefícios se fizerem Reiki“, revela Vaz Patto. Tudo porque creem que “ficam melhor preparados” para lidarem com a dor dos seus pacientes.

OMS reconhece terapêutica, mas Ministério da Saúde não

O Guia Normativo para a Terapia da Dor, da autoria da Organização Mundial da Saúde (OMS), veio especificar que, em matéria de “modalidades não medicamentosas”, recomendava caminhos de reabilitação pela psicoterapia, pelas terapias holísticas, acupuntura, reiki, musicoterapia, tratamento pelas artes e dramatização e outras técnicas similares.

Esta era uma indicação que estava clara no documento de 2007. Maria da Luz Rodrigues lembra esse mesmo guia e esclarece que “grande parte da comunidade médica e científica já reconhece esta terapia na ajuda da recuperação da saúde”.

Dez anos depois e em Portugal, algumas daquelas técnicas estão incluídas na lista de terapêuticas não convencionais reconhecidas pelo Ministério da Saúde (que publica a listagem de profissionais autorizados e que pode consultar aqui).


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O Reiki ainda não está contemplado naquela lista, onde constam profissionais da naturoterapia, osteopatia, acupunctura e, entre outros, fitoterapia.

Apesar da opção, tal não tem invalidado experiências com aquela terapêutica em unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde. E o Hospital de São João, no Porto, há muito que tem uma equipa que trabalha com a dor recorrendo àquela terapêutica.

A experiência do São João, no Porto

Em maio de 2016, o Conselho de Administração daquela unidade hospitalar pública autorizou a aplicação do Reiki “em doentes em regime de ambulatório, e a técnica é aplicada por enfermeiros com formação na área”. Mas há muitos anos, porém, que a terapêutica é usada em doentes oncológicos seguidos naquele hospital.

De acordo com o que noticiava a agência Lusa, à data, “os efeitos positivos da técnica” motivaram a decisão e “o objetivo é limitar os efeitos do tratamento de quimioterapia, reduzindo os sintomas e promovendo o relaxamento dos pacientes“.

“Os doentes têm melhoria da qualidade de vida, autoestima, redução da dor, melhor sono, menos náuseas. Muitos ficam a dormir depois da sessão”, que é de uma hora, descrevia Zilda Alarcão ao Diário de Notícias, em 2015, uma enfermeira que integrava o projeto.

“Cada doente tem um terapeuta responsável e há fases do tratamento em que podem precisar de mais de uma sessão semanal, mas o tempo que temos nos gabinetes é pouco”, criticava, então, a mesma enfermeira voluntária reformada no São João, do Porto.

A regulamentação do Reiki é “uma questão de tempo”

Teresa Vaz Patto, elemento da Assembleia Geral e ex-presidente da Associação Portuguesa do Estudo da Dor, crê que a regulamentação da prática como terapêutica não convencional é “uma questão de tempo”.

É uma questão provavelmente política, mas que também parte dos próprios terapeutas, que devem procurar conseguir e demonstrar, em estudos, os resultados benéficos do Reiki. Porque sem estudos demonstrativos, não é possível”, alerta ao Delas.pt esta médica anestesista do Centro Hospitalar de Lisboa Central.

Fotografia: DR