Reino Unido quer migrantes a fazer juramento pela integração

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[Fotografia: Shutterstock]

“Quem vem de fora” tem de adaptar-se à “comunidade que os recebe”. Esta é a ideia, polémica, defendida pela responsável governamental pela integração. Aos deputados, Louise Casey – que já tinha sido alvo de críticas em dezembro por ter dito que a integração no Reino Unido não tem de ser encarada como “uma estrada de dois sentidos” – sustenta que os migrantes devem prestar um juramento de fidelidade, segundo o qual se comprometem a tentar incluir-se nas comunidades que os recebem, bem como a aprender as regras de convivência em sociedade em vigor.

Os novos migrantes têm de conhecer “as regras do jogo”, define a responsável. “É interessante verificar, após uma volta pelo país, que ninguém lhes falou sobre a nossa forma de viver a vida, onde colocar o lixo, ninguém lhes explicou como fazer fila ou ser simpático”, afirma. Por isso, ela própria sugere a criação de um “juramento de integração”, segundo o qual os novos migrantes aceitam os valores britânicos. Um símbolo que, no seu entender, pode promover a ideia da “responsabilidade para com todos”.

“É interessante verificar, após uma volta pelo país, que ninguém lhes falou sobre a nossa forma de viver a vida, onde colocar o lixo, ninguém lhes explicou como fazer fila ou ser simpático”, afirma Louise Casey, responsável governamental pela integração

“Não acho que [a integração] seja uma estrada de dois sentidos. Creio que isso é uma frase que as pessoas gostam de dizer. Diria que, se nos mantivermos focados na analogia da estrada, a integração é mais como uma sangrenta autoestrada e nós temos um caminho estreito de pessoas que chegam de fora”, sustentou.

A britânica Louise Casey, responsável governamental pela integração [fotografia: gov.uk]
A britânica Louise Casey, responsável governamental pela integração [fotografia: gov.uk]
“Temos de fazer com que as pessoas que estão no meio sejam gentis e simpáticas para quem vem na faixa de fora, mas estamos e vamos todos na mesma direção. Não há dar mais de um lado e receber de outro, tem sido aí que temos cometido sucessivamente um erro, e não temos sido honestos sobre esta matéria”, declarou Casey.

Esta tomada de posição, reforçada agora perante os deputados, tem por base um inquérito em torno da coesão comunitária no Reino Unido, encomendado a Louise Casey ainda pelo anterior primeiro-ministro David Cameron. Nele se conclui que, durante mais de uma década, os governos falharam nas tentativas de integração social no país. Uma situação que se agrava com a escala, sem precedentes, de novas chegadas ao país.


Entre as minorias étnicas que mais chamam à atenção pelo seu isolamento estão as comunidades muçulmanas do Paquistão e do Bangladesh


De acordo com o mesmo relatório, há comunidades que se tornaram ainda mais isoladas e divididas, havendo registos de algumas que não sabem sequer falar a língua. Entre as minorias étnicas que mais chamam à atenção pelo seu isolamento estão as comunidades muçulmanas do Paquistão e do Bangladesh. A responsável alerta ainda para as tendências segregacionistas das comunidades, com maior risco para a discriminação e misoginia.

Sem olhar a moderação nas palavras, Casey lembrou as sucessivas tentativas para incrementar a integração que não foram além “dos saris, das chamuças e dos tambores para os que já estavam bem-intencionados” e acusou o governo de falhar gravemente na forma como tem abordado a coesão social ficando “bem aquém da ambição em ‘fazer mais do que qualquer outro governo para promover a integração’.”


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