Ricardo Preto: homens e mulheres iguais, todos fortes e independentes

A mulher ideal de Ricardo Preto é diametralmente oposta à de David Ferreira e basta observar a paleta de cores para chegar a essa conclusão.

O homem não anda longe desta mulher discreta, “segura e forte” como caracteriza o autor. Azuis, castanhos, caquis, bordeaux e pretos nada gritantes foram as cores escolhidas para esta coleção.

Há uma forte componente de alfaiataria tanto para homem como para mulher, mas nesta última há uma inversão dos coletes, que são usados largos (como se fossem os casacos do pai), com bolsos e botões virados para trás.

Estes aparecem sobrepondo-se a uma ou duas peças, de cores diferentes, conferindo movimento ao coordenado.

Nos homens, as calças sobem até à canela, nas mulheres também mas só em alguns casos. Noutros, as calças vincadas à frente são compridas e largas. Há ainda vestidos que contribuem para uma visão mais feminina de conjunto, bem como vestidos de rendas e aplicações.

E aqui, outra vez, é visível a referência de género na proposta inesperada: uma aplicação de rosas negras bordadas é repetida nos casacos masculinos.

Sem género e aplicado de igual forma é uma versão para braços das velhinhas perneiras (podemos chamar-lhes braceiras?) em lã tricotada em canelado. A sobreposição de camadas e texturas parecem resumir a ideia global desta coleção.