“Vimos encontrar novas formas de relação” com Portugal, diz diretor do IED

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[Fotografia; Divulgação]

Tecido feito de algas marinhas e vestuário que adapta comprimento e tamanho dependendo das condições externas, lã como segunda pele. Estas são três das mais recentes inovações nascidas no Instituo Europeu do Design (IED), em Itália. A escola de formação está na ModaLisboa pela segunda vez e à procura de um talento português para levar para Itália.

Este sábado, o IED também vem apresentar ao Lisboa Social Mitra propostas de sete alunos formados na academia. Porém, o diretor académico Riccardo Balbo salvaguarda desde logo: “Como escola, não vimos aqui para ver e ‘julgar’ ou sermos julgados, mas para encontrar novas formas de relação.”

O interesse de Itália em Portugal para o design passa por, refere o responsável, “alargar a nossa comunidade global também com o contributo de um país vibrante como Portugal”, a par de Espanha e Brasil. Sem especificar objetivos, Balbo explica por escrito ao Delas.pt que o IED está em território nacional para “encontrar novas formas de relação”.

Depois da primeira parceria com a Moda Lisboa, em outubro de 2022, o que resultou dela além do prémio concedido ao vencedor?

A primeira participação deu-nos a oportunidade de iniciar um confronto com o contexto português e, deste primeiro ponto, resultou a oportunidade e a vontade de alargar a nossa comunidade global de design também com o contributo de um país vibrante como Portugal.

O que pode resultar desta parceria Portugal-Itália para o setor da moda, tanto italiana como portuguesa?

É principalmente uma questão de relação, troca de pontos de vista e criatividade, uma oportunidade de confronto. O design alimenta-se do confronto: como escola, não vimos aqui para ver e ‘julgar’ ou sermos julgados, mas para encontrar novas formas de relação.

Quais são os próximos passos do IED em Portugal e na moda portuguesa?

Nos últimos quatro anos, o IED tem vindo a explorar novos países e mercados (além da Itália, Espanha e Brasil onde já estamos) principalmente entrando em contato com a cultura local, do ponto de vista do design. Assim, à semelhança do início da colaboração e da presença cada vez maior na ModaLisboa, os próximos passos serão olhar para os principais eventos portugueses na área do design de produto e interiores, artes visuais e Comunicação, que são as áreas de interesse da educação do IED.

Numa altura em que os tecidos são cada vez mais técnicos, como pode o design responder a esta exigência?

O design não é uma disciplina que olha para os materiais e tecidos como tal, mas atua como uma disciplina de síntese porque tenta simultaneamente avaliar e integrar tecidos com processos e tecnologias para responder a necessidades específicas. Assim, cada tipo de tecido pode gerar ideias que através do Design procuram dar soluções a necessidades reais.

Como por exemplo? O que está a ser feito no IED?

A escola de moda IED pretende cada vez mais integrar a projeção e a experiência em tecidos: a identidade da nossa escola encontra a sua raiz em ensinar os alunos a fazer coisas, projetando com o objetivo de fazer produtos e objetos com um propósito, não só e não primeiro estético. Tecidos e materiais entram como personagens principais nos programas educacionais do IED. Vencemos, por exemplo, a edição 2021 do internacional Woolmark Performance Challenge, concurso para inovar no uso da lã de merino: aconteceu com uma peça desportiva proposta pelo aluno do IED, Francesco Matera, peça que funciona como uma segunda pele que se adapta ao corpo em movimento. A nossa aluna alemã Mona Kienle inovou com um tecido feito de algas marinhas para olhar para os novos tecidos de base natural, e Luca Bianco, um dos nossos melhores ex-alunos seleccionados para o ADI Design Index (a colecção do melhor design italiano) desenhou um conjunto de vestuário de trabalho baseado em sistema automatizado que adapta comprimento e tamanho dependendo das condições externas.

Na busca global da moda sem género, como é que o design pode responder a essa necessidade?

Nesse sentido, a questão está principalmente na comunicação da moda, mais do que no design. A moda unissexo existe há décadas, a resposta a estas necessidades crescentes vem da maneira como nos apresentamos, mostramos e comunicamos as roupas, a maneira como criamos, através do estilo, uma atitude e um mundo ao seu redor.