Rise Up: Como uma conferência financeira quer empurrar as mulheres para a ribalta

RiseUp mulher

Apenas 25% dos cargos de liderança nos serviços financeiros são ocupados por mulheres. A estatística, fornecida por um estudo recente da Grant Thornton, pinta um cenário semelhante a tantas outras indústrias: apesar de as mulheres serem metade da força de trabalho e terem formação superior, as posições de topo continuam a ser difíceis de alcançar.

Por Ana Rita Guerra, nos EUA

É para atacar esse problema que a conferência financeira Money 20/20, que se realiza anualmente em Las Vegas e tem uma edição europeia, está a criar o Rise Up: um programa com a ambição de formar a próxima geração de líderes femininas na indústria. Em outubro, a conferência vai levar a Las Vegas 30 mulheres escolhidas num processo de seleção que está a decorrer agora entre candidatas que trabalham na área dos pagamentos, banca, investimento, finanças pessoais, retalho, telecoms, tecnologia, governo ou blockchain e moedas digitais.

“Estamos à procura de mulheres sedentas de aprendizagem, disrupção e fortes conexões”, diz ao Delas.pt a presidente da Money 20/20, Tracey Davies. A intenção é “aumentar a percentagem” de mulheres em cargos de liderança oferecendo formação e conexões que abrirão esse caminho no futuro.

A iniciativa é importante dada a dimensão da Money 20/20, um quem-é-quem dos serviços financeiros e tecnologia que todos os anos discute o futuro da indústria, com oradores que vão desde Amazon e Citgroup a Morgan Stanley, Google e Mastercard. Este ano, tal como em 2017, o português Nuno Sebastião, que lidera a fintech Feedzai, é um dos oradores em destaque.
Tracey Davies explica que a ideia surgiu porque a missão da conferência, a que chama de “revolução do dinheiro”, é ajudar a criar um sistema financeiro mais simples e justo. “Acreditamos que empresas inclusivas são melhores, por isso quando olhámos para o atual desequilíbrio de géneros no mundo financeiro quisemos fazer alguma coisa e criar oportunidades que vão levar para a frente tanto as empresas como a indústria financeira, de forma global.”

E o que é que explica este desequilíbrio? Simples, diz a responsável. Os serviços financeiros foram historicamente dominados por homens e essa dinâmica mantém-se. Se nada for feito, é possível que nada mude. “As perspetivas diversificadas vão causar disrupção no status quo, por isso abraçamos a inclusividade como imperativo estratégico para avançar as coisas.”

O estudo que a Grant Thornton lançou em março mostra alguns avanços, mas também estatísticas preocupantes; por exemplo, a proporção de mulheres em posições seniores caiu de 25% para 24% entre 2017 e 2018. As principais barreiras às políticas que promovem a diversidade nas empresas são, diz a pesquisa, a complexidade de pôr em prática as boas intenções, estereótipos sobre os papéis dos homens e das mulheres e poucos dados que mostram o impacto positivo destas medidas nas empresas.
Apesar de ser um programa pequeno, o Rise Up quer começar por algum lado. A agenda inclui uma série de sessões de conteúdos à medida, oportunidades de networking, mentoria individual com líderes da indústria, reuniões privadas com oradores e eventos especiais. “Dar poder à próxima geração de líderes femininas será mais eficaz através de mentoria e oportunidades de formação”, frisa Tracey Davies.
O grupo inicial de 30 mulheres será o primeiro de uma rede de “alumni” que a Money 20/20 vai criar para “capitalizar nas conexões e amizades” feitas em Las Vegas. Além disso, a organização vai criar eventos e encontros ao longo do ano, com a intenção de “manter o momentum do programa Rise Up” e garantir que os avanços que estão a ser feitos “não terminam quando a Money 20/20 USA chegar ao fim.”

Estas mulheres vivem da canábis. E gostavam de ser mais