“Há cemitérios em Lisboa em que o m2 é mais caro do que no Chiado”

Rita Canas Mendes mergulhou no mundo da morte para trazer à luz, num tom leve, o que se passa no setor em Portugal. E se em Viver da Morte – A Indústria Funerária em Portugal‘ (da Fundação Francisco Manuel Dos Santos) fez o retrato a este mercado, em números e detalhes, agora, ao Delas.pt, a escritora e tradutora lamenta o medo que existe em se falar e lidar com o tema.

Numa altura em que o Halloween faz esquecer os finados, a autora de 34 anos acredita que as pessoas vão fugir ainda mais ao desaparecimento eterno, com consequências para a sociedade.

[Fotografias: Orlando Almeida/Global Imagens]

Nesta entrevista, fala das virtudes, mas também dos defeitos de um setor mal visto e mal amado – que, por vezes, colaborou nessa mesma imagem – e do futuro, talvez menos tradicional e conservador.

Rita diz que olhar a morte desta forma a fez repensar sobre a sua própria despedida e pede a todos que falem nisso, inclusivamente legisladores: mesmo sabendo que os mortos não votam

Em Portugal, parece que a festa das bruxas – o Halloween (31 de outubro) – tomou conta de Todos os Santos (1 de novembro) e da memória dos nossos mortos. Daí que comece por perguntar: a sociedade está a esconder a morte?

Sim, a morte está muito escondida.

E porque é que tal acontece?

A nossa morte, a nossa pequenez, a transcendência de tudo isto são difíceis de lidar. Sempre se morreu, mas antes as estruturas sociais eram muito diferentes. A religião tinha uma força imensa, a taxa de mortalidade era muito maior, a morte era um fenómeno mais corriqueiro. Hoje, prolongamos a vida até mais tarde, a morte dá-se, na maioria dos casos, em contexto hospitalar, portanto, está escondida. Também temos a publicidade a vender-nos ideias de juventude, de prolongamento da vitalidade como se nunca fôssemos morrer. Tornou-se mais difícil afastarmo-nos de alguns mitos e desatámos a fugir da morte a sete pés.

E quais são os riscos disso?

Acho que o cenário ainda vai piorar, em termos de negação, antes de melhorar. Começa a haver, também, um movimento no sentido de se começar a encarar a morte de forma mais positiva e natural.

“Tornou-se mais difícil afastarmo-nos de alguns mitos e desatámos a fugir da morte a sete pés”

Como?

É importante pensarmos nos mortos, nos que partiram e na nossa própria mortalidade. No dia 1 de novembro do ano passado, fui ao cemitério do Alto de São João, em Lisboa, onde já não ia há vários anos. É lá que está um jazigo da minha família – que não encontrei. No entanto, encontrei um cemitério quase deserto. As pessoas têm-se afastado completamente da morte e dos locais tradicionalmente associados a ela. Agora, na véspera de dia 1 de novembro, anda tudo entretido vestido de bruxa e com abóboras, o que nem sequer é uma tradição portuguesa. E, atenção, nada contra isso, as sociedades são flexíveis, as culturas contaminam-se e não considero isso necessariamente negativo.

Mas quais são os riscos que antevê?

Tenho pena que se esqueça a importância daquele dia do ano, que era exclusivamente dedicado a pensar em quem partiu. Um dia de finados é sempre um momento em que nos recordamos dos nossos, mas também nos faz pensar na nossa finitude e no que queremos. Estamos num processo de transição. Termos consciência da morte permite-nos viver muito melhor a nossa vida, fazermos melhores escolhas: não sermos tão consumistas ou tão stressados no dia-a-dia. Em última instância, passa tudo muito depressa.

“Um dia de finados é sempre um momento em que nos recordamos dos nossos, mas também nos faz pensar na nossa finitude e no que queremos”

Fez este livro – e a provocação é irresistível – porque quer por as pessoas a ver a luz?

(Risos). Espero que sim, espero por as pessoas a conversar sobre este tema. Em conversa com familiares meus, eles nunca tinham discutido entre si, com os filhos, aquilo que seriam as suas últimas vontades. Falar sobre a morte e o luto não é uma maneira de viver uma sentimento por antecipação – até porque só quando chegamos lá é que sabemos verdadeiramente -, mas ao desmitificarmos, também perdemos medos. É uma forma de as pessoas se aproximarem.

Pensou e mudou a opinião sobre a sua última vontade?

(Risos). Sim, tenho estado a pensar. Ainda não me decidi.

Tinha mais ou menos certezas antes de escrever o livro?

Tinha mais certezas antes de escrever o livro, muito mais. Achava que ia ser cremada e queria que espalhassem as minhas cinzas no Guincho, que é a praia da minha infância e um dos sítios mais bonitos de Portugal.

[Fotografias: Orlando Almeida/Global Imagens]
O que a fez mudar de ideias?

A decomposição física do corpo na terra é uma metáfora muito poderosa e que pode ser muito importante. A ideia de renovação, deterioração e ciclo faz parte da vida. Muitas vezes, a cremação é uma fuga rápida a isso. Depois, colocou-se a questão de doar o corpo à ciência, e acho que é importante devolver alguma coisa à sociedade – e na altura já nada me irá doer. Porém, o que ainda me faz hesitar é a dificuldade psicológica em lidar com a ideia do meu corpo a ser retalhado e manipulado por dezenas de alunos de medicina. Ainda estou a negociar interiormente essa ideia. Há, depois, outra questão: quando doamos o corpo à ciência, não há um ritual de cremação ou enterro. Pode-se fazer uma despedida, uma cerimónia de homenagem, longe do hospital, mais ainda não há em Portugal grande oferta para esse tipo cerimónias.

Espaços mais laicos.

Sou ateia e não queria ser velada numa igreja, nem ter nenhum tipo de cerimónia religiosa. É preciso reinventar os rituais. Este livro foi também para responder a isso: o que é um funeral? Porque os fazemos? O que significam? Em que medida são diferentes do que eram há 100 ou 500 anos? E são. A figura do agente funerário não existia, as pessoas eram veladas em casa, enterradas no cemitério da paróquia. Era tudo bastante diferente e natural.

Sendo um setor predominante masculino, qual é que acha que é o papel das mulheres no futuro. Elas hoje estão nos bastidores e nos serviços administrativos.

Sou uma feminista assumida, acho que estamos a assistir a uma nova vaga feminista e do papel da mulher na sociedade e há, felizmente, muita coisa a ser repensada, estão a ser quebrados tabus e passar-se fronteiras, e tal vai chegar ao mundo dos funerais. Não há motivo nenhum para que elas não trabalhem neste ramo. Há sensibilidade feminina – a perspetiva feminina, o olhar sobre o mundo – e elas podem trazer uma perspetiva diferente.

Em que sentido?

Não sei bem. Talvez mais calorosa, mais personalizada. O funeral típico atual peca por ser muito rápido, muito impessoal, muito padronizado, diria frio, em geral, pouco criativo. Ora, isso são tudo aspetos em que as mulheres estão mais do que habilitadas para transformar.

“O funeral típico atual peca por ser muito rápido, muito impessoal, muito padronizado, diria frio, em geral, pouco criativo”

Quem procura, traz essa disponibilidade?

Não tem de partir de quem procura, tem de de haver uma oferta mais alargada, mais diversificada. Tem de partir do próprio setor. E claro que quando as pessoas começam a exigir coisas diferentes ou mais ao seu gosto, particulares, quando há procura, a oferta aparece.

Sente que o setor está disponível para essas e outras mudanças?

O setor está a transformar-se, já há algumas agências a oferecer coisas diferentes e um tratamento um bocadinho diferente. Mas pelo que pude perceber, é ainda extremamente conservador. Aliado da Igreja católica, são, aliás, parceiros.

Diz que a Igreja chega a fazer 10 milhões de euros anuais em, entre outros serviços, alugueres de salas de velação.

(Risos) Quanto mais não seja por isso. As pessoas resistem em mudar as práticas, vai-se mudando, mas devagarinho. Quanto a mudanças bruscas, não são muito bem acolhidas. O trabalho é exigente, e a estes profissionais a novidade só ia dar-lhes mais trabalho para lá do que já têm, portanto não é um setor muito aberto.

Falamos de um setor que é socialmente mal visto.

Eles são muitas vezes mal vistos, muita gente acha que eles são aproveitadores. Portanto, eles protegem-se o mais possível e não gostam nada de se expor nem ao ridículo, nem dar o flanco para investigações. E há más práticas no setor.

Quais as mais comuns?

A mais recorrente é o aproveitamento da fragilidade das pessoas e o financeiro disparatado. Por vezes, é por má-fé. Não tenho casos concretos para denunciar, mas tenho muita gente que se queixou diretamente a mim enquanto fazia este livro. Sei de histórias que foram verdadeiros aproveitamentos, mas há uma coisa que as pessoas têm de perceber: os funerais são caros porque há imensa concorrência. Há poucos funerais por cada funerária [100 mil mortes anuais e pouco mais de mil agências]. Essa é a má prática mais recorrente. O que acho mais grave? É prestar um mau serviço do ponto de vista emocional. Há uma grande impreparação ainda no setor. Já começa a haver essa consciência. Mas estamos muito longe do que deveríamos estar quando olhamos para a forma de lidar com as famílias e de como as ajudar a passar esse momento difícil.

Porque não foi por aí no livro?

Achei que era mais interessante olhar pela positiva, trazer o setor para uma reflexão do que atacá-lo. Tenho bastante respeito por estes profissionais, já tinha antes, tenho agora ainda mais. Eles cumprem uma função muito importante na sociedade. Não quis fazer uma recolha de histórias dramáticas porque não são representativas do todo. Há pessoas que estão profundamente agradecidas aos agentes funerários que lidaram com os funerais da sua família. Eles também têm virtudes que são precisas reconhecer. Por isso, é preciso pensar o que são estas cerimónias e o que queremos ter no futuro, mais do que condenar. Quis abrir um pouco mais as portas do que fechá-las, convidar o setor a refletir.

“Quis abrir um pouco mais as portas do que fechá-las, convidar o setor a refletir”

E a quem é que as pessoas se queixam?

Entre si, as pessoas comentam. Algumas queixas online. Há quem escreva nos livros de reclamações e, aí, as empresas são tratadas como qualquer outra. Mas a verdade é que as funerárias com más práticas continuam sempre a funcionar.

Há uma espécie de máfia da morte?

Sim. Era pior nos anos 80 e 90, hoje em dia está mais fiscalizado e regulado, mas sem dúvida nenhuma que existem, em hospitais, pessoas que dão dicas a funerárias ou que recomendam aos familiares do falecido esta ou aquela empresa, recebendo uma gratificação por isso. Em lares também sei que há acordos subterrâneos, ocultos. Ainda há negócios desses. Está melhor e as pessoas com internet também chegam mais facilmente à informação. No livro não denuncio casos específicos e não tenho provas, mas sei que, hoje em dia, há casos desse género, mais mafiosos. Mas não são a generalidade.

“Em lares também sei que há acordos subterrâneos, ocultos. Ainda há negócios desses”

Há um domínio do online nas nossas vidas e é curioso que esta dimensão nos acelere a vida, mas nos retarde o desaparecimento. Porque isto acontece?

Os funerais estão a transformar-se: as cerimónias que fazemos, a maneira como processamos as perdas, o luto. É importante pensarmos para onde tudo isto caminha. Hoje vivemos muito amarrados ao digital, achamos que é uma coisa que nos liberta, mas também nos armara. São ferramentas que convidam à aceleração e que nos ajudam a esquecer como isto é tudo transitório e de que somos feitos de carne, que se decompõe, muda, há uma decadência física. O online ajuda a perpetuar o mito da eterna juventude e da perpetuação e que a informação virtual dura para sempre e nos também. Corremos o risco de o mundo virtual nos enganar. Depois também se dá o caso de as pessoas morrerem e permanecerem vivas no digital.

Uma espécie de Instagrave.

Sim (risos). No Facebook, muitas pessoas já morreram, mas as suas páginas continuam online. Então, a própria rede teve de criar uma forma de apagar páginas de pessoas falecidas e tem um mecanismo para que as que lhe sobreviverem comunicarem isso mesmo. Há todo um procedimento. Por vezes apagam, por vezes transformam em páginas de homenagem, quase um livro de condolências em que as pessoas deixam as suas homenagens. Temos de ter cuidado para que esta virtualização não nos tolde a visão da existência.

‘Instagrave’: os números do mercado da morte em Portugal

Mas nota que há esse perigo?

Sim. Temos a inteligência artificial a chegar, já chegou, qualquer dia a nossa consciência, o nosso eu é posta num chip e depois pode ser passada de corpo em copo ou fica a habitar o computador, e dá-se, assim, um prolongamento da nossa existência. Eu não sei o que aí vem, mas sabemos que a ambição da eternidade é uma vontade humana desde que o homem tem consciência de que tem fim. E isso faz-nos desejar ardentemente a eternidade. Há quem esteja a trabalhar nesse sentido. Não estou muito preocupada com isso já.

Está mais preocupada com o quê?

Com o presente. Com o que estamos a fazer hoje ou, no futuro próximo, para nos fazer viver melhor a vida e a morte.

E como olha para o papel das seguradoras e dos planos poupança funeral, um negócio em franco crescimento?

Sim. Não é o principal foco delas, mas algumas já começam a desenvolver o seu plano poupança funeral, o seguro de funeral, tentam fazer uns acordos. E as próprias funerárias também oferecem esse serviço, a compra do funeral em vida: a pronto ou em prestações. Não acho mal que existam essas opções, e tudo o que deixe as pessoas mais tranquilas deve ser valorizado.

Mas não deixa de ser curioso perceber que um funeral médio, e isto está no livro, custe 1670 euros mais ou menos e os planos que encontramos de seguradoras começam nos três e chegam aos 18 mil.

Essas opções são apresentadas, não quer dizer que haja pessoas a escolher outros planos. Neste caso são preços de uma funerária específica.

Mas há ou não soluções mais baratas?

Claro que há. As funerárias apresentam uma opção de mil e 18 mil para as pessoas ficarem ali no meio.

Qual foi o detalhe mais surpreendente que encontrou em matéria de cerimónias nesta sua pesquisa?

Infelizmente, nas práticas portuguesas não há nada de muito surpreendente. As pessoas querem, em geral, um funeral que não choque, que não surpreenda, que seja fácil, que seja igual ao dos outros. Estamos a falar de um ritual e é normal que sejam homogéneos. Há empresas a oferecerem coisas mais extravagantes como, por exemplo, uma cerimónia que decorre a bordo de um cruzeiro e em que se lançam as cinzas ao mar ou há empresas que já oferecem transformações de fios de cabelo em diamantes ou peças decorativas. Há esse género de oferta limitada e, às vezes, de gosto duvidoso.

“As pessoas querem, em geral, um funeral que não choque, que não surpreenda, que seja fácil, que seja igual ao dos outros”

E o que é que as pessoas mais pedem?

Que se ponha uma fotografia específica ou flores de determinada cor. E isso já é a personalização. E fica por aí. Pedir para enterrar com o cachecol do clube também é muito comum. Os funerais em Portugal são muito rápidos. Na Alemanha, por exemplo, chega a haver uma semana de intervalo. Mandam-se convites, organiza-se um buffet, contrata-se uma banda, as pessoas comparecem ao funeral menos atrasadas. Quem aparece, muitas vezes, tem até o hábito de por dinheiro em envelopes e dar à família para ajudar nas despesas e na nova fase da vida. As funerárias têm câmaras frigoríficas, a questão da decomposição não se põe tanto como cá. Aqui, as nossas agências funerárias são pequeninas, familiares, não têm essa estrutura logística para fazerem funerais com mais tempo. Por aqui convencionou-se que se morre, enterra-se, ainda está quente, quase, e é enterrado. Temos práticas que não precisam de ser necessariamente assim, temos de repensar.

No futuro, as taxas de cremação devem aumentar. Mas o que podemos esperar mais: as urnas ecológicas?

Começa a haver algumas opções mais futuristas. A cremação deverá aumentar até devido à falta de espaço que há nos cemitérios e também pelo facto de as pessoas, hoje em dia, não estarem para cuidar de uma campa ou de pagarem as taxas cemiteriais regularmente.

“Pedir para enterrar com o cachecol do clube também é muito comum”

E o metro quadrado vale ouro…

Há cemitérios em Lisboa em que o metro quadrado é cinco mil euros, mais caro do que no Príncipe Real ou no Chiado, se compararmos com o mercado imobiliário. As pessoas tendem a procurar soluções mais light, mais rápidas, que não impliquem tantos encargos, nem despender tanto tempo. Mas, em matéria de oferta, começa a haver alternativas que em Portugal ainda seriam, vá, chocantes, como enterrar diretamente o corpo na terra, sem caixão. Não é a nossa tradição, mas é possível que venha a ser, havendo uma maior vontade de contacto com a natureza. Já há uma urna dita ecológica e que apareceu para dar resposta a essas preocupações. Porque, ao enterrarmos, estamos a por na terra muita coisa: a roupa de tecidos artificiais, os vernizes, as peças e os acessórios dos caixões que levam séculos a decompor-se. Noutros países, já se começam a fazer coisas como a cremação pela água, a hidrólise alcalina. Opções que apareceram recentemente. Há espaço para criar alternativas mais originais e que tenham sentido para o espírito do tempo. Há muito por onde inovar.

Temos legislação que acomode essas alterações?

Não. A legislação mais a sério apareceu há cerca de dez anos. Alguma da que existe neste momento, segundo os dirigentes associativos, já não faz sentido ou está desatualizada. Portanto, cabe também ao setor pressionar os decisores políticos a abrirem espaço ao aparecimento de novas soluções. Mas vai com o tempo, e é normal que estas mudanças sejam lentas.

Muito mais num assunto em que ninguém quer falar.

Ninguém quer falar.

Nem conquista eleitores.

(Risos) Os mortos também não votam, como costumo dizer. Mas tem muita importância na vida das pessoas. Mas quanto mais falarmos sobre isto, mais influência conseguiremos ter na legislação.

“Quanto mais falarmos sobre isto, mais influência conseguiremos ter na legislação”

É um assunto que a Rita vai continuar a desenvolver?

Diria que para já estou concentrada na divulgação deste livro e destas ideias. Deixo a porta aberta. Não tenho nada planeado para breve. Mas não ponho de parte a possibilidade de vir a fazer um livro em torno de como planear o seu funeral, à semelhança de um outro que tenho e que é Como publicar o seu livro. Como as pessoas não gostam de pensar neste tema, se calhar haver um guia prático talvez as ajudasse naquele momento difícil como também a pensar em algumas questões.

Ficou com vontade de abrir uma agência funerária?

Fiquei. Por acaso fiquei (risos).

Imagem de destaque: Orlando Almeida /Global Imagens