Rita Guerra e a violência doméstica: “Vivermos reféns do medo não ajuda em nada”

Rita Guerra, cantora.
Lisboa 28/04/2017 - Rita Guerra, cantora. (LeonardoNegrão/Global Imagens)

A cantora, de 54 anos, voltou atrás no tempo e, em conversa com Manuel Luís Goucha, na TVI, Rita Guerra voltou a falar do medo e dos efeitos provocados pela violência doméstica que sofreu, no seu primeiro casamento, aos 16 anos.

“Saí [da relação] com medo, porque havia ameaças. Cheguei a ser ameaçada: ‘Um dia destes, sais do casino e levas com ácido na cara’. Não se anda propriamente muito feliz na rua. Eu ia trabalhar com medo. Mas tudo isso se ultrapassa”, contextualizou no programa vespertino da TVI, na segunda-feira. 25 de outubro. “Vivermos reféns do medo não nos ajuda em nada”, explicou. A cantora tinha apenas 16 anos e desse casamento nasceu o filho mais velho, Nuno Guerra.

Atualmente, quase 40 anos depois, a artista deixa bem claro que “jamais” voltaria a viver episódio semelhante na vida. Afinal, há radares que nunca mais de desligaram. “Às vezes não é preciso chegar a tanto [violência psicológica ou verbal]. Basta ver maltratar os miúdos, por exemplo”, revela, falando dos alertas que mudaram para sempre a forma de olhar a vida.

Não fazendo de mim um caso nacional, há coisas que eu, com a minha experiência, passei a tolerar mais e outras que não tolero de todo. Corro o risco de ser demasiado brusca na análise, sigo os meus instintos. Também sei que se erro, serei a primeira a pedir desculpa”, completou Rita Guerra em conversa com Goucha. Recorde-se que já na semana anterior, Manuel Luís tinha recolhido um testemunho semelhante sobre violência doméstica da atriz Helena Laureano.

Já em 2015, a intérprete tinha abordado este passado violento na sua autobiografia No Meu Canto – Todos Temos o Direito de Ser Felizes!. “Já sofri agressões físicas, já vivi presa em casa, fechada à chave e proibida de falar com a minha família. Sei o que é viver sob ameaças e acordar e deitar-me com medo – daquele que paralisa. Sei o que é violência e sei o que é o medo. E sei que são inseparáveis. Foram precisos muitos anos até ser capaz de dizer: ‘Não. Chega’. Mas quando se aprende, não se esquece”, escreveu.