Rita Rugeroni e Pedro Ribeiro recebem mãe e filha ucranianas em casa

rita rugeroni e pedro ribeiro
Fotografia: Instagram de Rita Rugeroni

Rita Rugeroni e Pedro Ribeiro receberam, esta quinta-feira, 24 de março, Natacha e a Sacha, mãe e filha refugiadas da guerra que se trava na Ucrânia, após a invasão a russa.

A informação foi avançada pelos locutores de rádio este domingo, 27 de março, numa publicação no Instagram em que pedem ajuda para encontrar uma casa para as duas ucranianas.

“Onde cabem oito, cabem sempre mais dois”, foi assim que Rita Rugeroni começou o apelo.

“Esta é a Natacha e a Sacha, são refugiadas ucranianas, de Kharkiv, e estão em nossa casa desde quinta-feira. Não vos vou aqui fazer um mural de lamentações sobre a vida desta família desde o início da guerra, porque todos nós vemos televisão e lemos notícias para ter uma ideia, ainda que muito distante, do que tem sido o horror deste povo”, disse.

“Quero apenas dizer-vos que elas estão bem e que entre nós, a minha família e amigos estamos a fazer tudo para ajudar a Natasha e a Sasha a começarem uma vida nova. Em três dias a Carminho passou de uma perfeita desconhecida para ser a ‘sister’ da Sasha. Ou pelo menos é assim que ela se refere à minha filha”, contou.

“Nunca pedi nada no meu Instagram, graças a Deus nunca precisei, mas hoje preciso que me ajudem a encontrar uma casa para elas morarem. Até lá vão ficar connosco, mas claro que como qualquer pessoa precisam de um sítio onde possam começar uma vida nova. Por isso, se souberem de alguma coisa aqui em Cascais, se conhecerem alguém que tenha uma casa, um apartamento, um estúdio, uma parte da sua própria casa que possa alugar, ceder, fazer um desconto na renda ou qualquer coisa neste sentido, ficar-vos-ei eternamente grata”, apelou.

“Digo em Cascais, porque felizmente já encontramos uma escola para a Sasha, até ao final do ano ela ficará, a custo zero, na sala da Carminho, onde também já está uma outra menina ucraniana. Não lhes falta nada, só uma casa e um trabalho para a Natasha, que era gerente da loja da PUMA em Kharkiv. É aqui que vos peço ajuda, nem que seja um amigo, do amigo, do amigo, que tem uma casa ou um trabalho”, acrescentou.

“Tenho a certeza de que tudo se vai resolver, mas se cada um puder ajudar, nem que seja um bocadinho, tudo se torna mais fácil. Obrigada do fundo do coração.
Se souberem de alguma coisa, não hesitem, por favor”, rematou a radialista.

Também o marido de Rita Rugeroni, Pedro Ribeiro, partilhou a história de Natasha e Sacha no seu perfil de Instagram.

“Nataliie e Sasha chegaram a nossa casa com uma expressão que misturava extremo cansaço, tristeza, e choque. Fugiram de Kharkiv com o pouco que conseguiram juntar, deixaram o marido/pai lá e vivem cada segundo a sonhar com o reencontro. Ver as notícias com a Natalie, é ver o abstrato do nome daquelas cidades ganhar realidade palpável: ‘Neste parque aprendi a andar de bicicleta!’ ou ‘este é o meu bairro’. Tudo arrasado. Tudo destruído”, começou por escrever.

“‘A Sasha esteve um dia inteiro em silêncio, quando os bombardeamentos começaram.”’ contou a mãe. Quando voltou a falar, a primeira coisa que disse foi: ‘Mãe, eu não quero morrer’. Crime contra a humanidade é isto: comprometer a inocência da infância, para sempre. Os filmes e fotografias da guerra, que ela tem no telemóvel, e nos mostra, não têm descrição possível: horror absurdo. Crueldade absoluta”, referiu.

 

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“Receber esta família, ajudá-los a integrar-se no nosso país, procurar trabalho para a Natalie (ou Natasha, como a tratam os mais próximos, e a nós foi-nos dada essa distinção), é prioridade. Escola, a Sasha já tem. Falta, claro, uma casa. Mas, para já, a nossa casa é também a casa delas. Os nossos filhos aprendem um pouco mais sobre cidadania, humanidade, dignidade, coragem destas pessoas que vivem o que, em pleno século XXI, é um revoltante absurdo”, afirmou.

“Somos, por estes dias, uma família ainda mais alargada, que se ajuda mutuamente, para lá da barreira do idioma (obrigado Tradutor Google!). Hoje, pela primeira vez, desde que começou este inferno, a pequena Sasha não acordou, sobressaltada, a meio da noite. ‘Dormiu como antigamente’, dizia-nos a mãe, comovida e aliviada, ao pequeno-almoço”, revelou.

“Hoje, tiramos esta fotografia, em Cascais, com a bandeira da Ucrânia, em fundo. Na vida, tantas vezes, o que faz a diferença, são pequenos gestos. Aquela bandeira, ali, fez esta mãe ganhar um pouco mais de esperança, além do permanente agradecimento que vai repetindo. Bem, Nataliie e Sasha: sonhamos com o dia em que as nossas famílias vão reunir-se, e iremos passear todos, nos parques reconstruídos de Kharkiv, numa Ucrânia livre, europeia e feliz.
Só isso faz sentido, no meio deste doloroso absurdo”, concluiu.