Rita Spider é bailarina e há anos que tem dado cartas no mundo artístico tanto a nível nacional como internacional. No seu curriculum, junta a participação em programas de talentos, como o ‘Achas que sabes Dançar?’, a presença na equipa do Cirque du Soleil e, mais recentemente, como coreografa do musical ‘Chicago’, versão portuguesa.

[Orlando/Global Imagens]
O Delas.pt entrevistou a bailarina e coreógrafa a propósito da sua participação no Teatro Musical ‘Chicago’, que está em cena em Portugal no Teatro da Trindade, Lisboa, desde outubro e até dezembro (com a possibilidade de alargar a data devido à adesão positiva) e que tem assinatura de Diogo Infante.

Leia abaixo a entrevista completa à artista e descubra mais sobre o seu percurso profissional, e visualize ainda o vídeo acima.

Como é que a dança surgiu na vida da Rita?

O gosto pela dança…basicamente faz parte da minha vida. Eu comecei a dançar muito pequenina, fui educada num estabelecimento onde havia dança, cresci a ouvir música, a ver dança, a ver desporto, a sentir e a cheirar arte à minha volta. E, por isso, acho que isso faz parte da minha vida.

A Rita recorda-se do momento em que pensou que era isto que queria fazer para o resto da vida?

Eu não me recordo exatamente do momento, porque nem foi uma questão de decisão. A dança, que era o mundo artístico que eu queria seguir, foi um caminho que surgiu naturalmente porque fez parte da minha vida e do meu crescimento. Ainda tentei escolher outras áreas e aprofundar outras áreas de estudos, mas o mundo artístico, não só a dança, foi aquilo que me dava mais entusiasmo e mais motivação para continuar. Por isso não houve propriamente um momento específico, foi algo que naturalmente, ao longo dos anos, foi surgindo.

Quais foram os maiores desafios profissionais que a Rita já enfrentou?

Desafios artísticos e na dança tive muitos. Não consigo dizer um, dois, três ou quatro. Porque tudo o que são etapas, convites, formações ou trabalhos, para mim são sempre desafios, uma aprendizagem. É claro que existem momentos da minha carreira que foram mais intensos, mais difíceis e desafiantes do que outros. Claro que a minha experiência no estrangeiro sempre foi mais desafiante, porque o nível lá é muito alto, não quer dizer que seja melhor do que aqui, mas a competição é muito maior e, portanto, isso torna o desafio profissional mais elevado. No entanto, desafios criativos são sempre algo que nos tira da zona de conforto, principalmente em coisas como, por exemplo, o ‘Chicago’ [musical], em que já foram feitas várias versões e nós aqui tivemos de, principalmente eu como coreografa, criar algo novo, não poderia copiar o que foi feito. E isso foi um desafio. Ter que criar algo original é um desafio muito grande, porque já tanto foi feito. Mas eu adoro. Para mim, criar algo de novo é um desafio intenso, quase que não durmo, mas ‘blows my mind’, como se costuma dizer.

Sentiu alguma vez que por ser mulher algumas portas se conseguiriam abrir ou fechar com mais facilidade?

Como mulher, artisticamente e no mundo da dança falando, posso dizer que tive portas que se fecharam, sim. Houve momentos em que senti que ser mulher no mundo artístico não é propriamente fácil. Mas sei que ser homem também pode não o ser. Mas passei por algumas situações assim menos positivas nesse sentido. Tento não recordá-las.

Como é que a Rita chega ao ‘Chicago’ e à experiência de ser coreógrafa deste musical? Como foi a transição de estar a trabalhar lá fora, no estrangeiro, e voltar a Portugal para preparar esta peça?

Vir para Portugal e com o convite que me fizeram, para coreografar o ‘Chicago’, para mim foi mais uma prova de que em Portugal quer-se fazer mais. Por isso aceitei logo. Até porque eu tinha propostas no estrangeiro e decidi aceitar esta. Fiquei muito feliz e não me arrependo de todo de ter aceitado e acho que o publico também vai gostar do resultado final. Acho que temos de tentar, nós portugueses, temos que tentar fazer mais e melhor pelo nosso país. Eu tento sempre ao máximo, sempre que posso, ir lá fora beber da sabedoria e da evolução que se passa, mas também gosto de trazer para Portugal o que aprendi. Em Portugal nós temos imenso talento e imenso potencial. A prova disso é que quando vamos para fora, conseguimos chegar também ao patamar deles. Agora, claro que é um desafio muito grande. A nível de arte em Portugal, a nível de cultura, poucos apoios existem como se sabe e é um desafio muito grande ultrapassar isto tudo. Agora, o potencial artístico em Portugal é ridiculamente bom. E isso dá-me um prazer enorme. Vir, voltar e trabalhar com as pessoas que existem cá, porque é impressionante o talento que temos e acho que nós não temos essa noção. Valorizamos mais o que vem de fora do que aquilo que temos, que é um potencial extraordinário.

Se tivesse que enumerar três coisas que diferenciam esta peça, o ‘Chicago’, quais seriam?

O ‘Chicago’ musical versão portuguesa é algo que o publico não pode mesmo perder a oportunidade de vir ver. Não digo isto porque fui eu a coreografá-lo [risos], mas acho que é uma adaptação muito bem feita. De todas as versões que já foram feitas do Chicago, eu acho que esta é mesmo muito boa. Desde a encenação, a coreografia, a música, a tradução, que é muito difícil traduzir o inglês e fazer uma boa tradução, acho mesmo que está tudo brilhante. Toda a equipa criativa trabalhou muito e de uma forma e sintonia tão boa, num trabalho de equipa tão forte que o resultado é este. E acho que publico tem gostado muito. O facto de ser 100% português, é mesmo um grande fator para que as pessoas venham ver.

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