Rossio Gastrobar: O terraço secreto que está a encantar lisboetas e turistas

O Rossio Gastrobar, instalado desde abril no sétimo andar do Altis Avenida, podia ter vários cartões-de-visita. É um terraço que fica num hotel, mas também um restaurante com, seguramente, uma das melhores vistas da cidade (que nos faz acreditar que somos donos de Lisboa inteira) e é também um bar com cocktails exímios, sem xaropes artificiais e com bons produtos, pensados para fazer par com os pratos. Mas, sobretudo, este gastrobar é o sinónimo de elevar (literalmente) a arte portuguesa de petiscar, combinando-a com a experiência de quem há muito gere um restaurante Michelin.

No entanto, antes de subirmos até ao sétimo andar, importa contarmos as transformações que o Avenida sofreu no último ano, desde que o grupo Altis comprou o prédio adjacente, em tempos utilizado pela Câmara Municipal de Lisboa. Era neste que trabalhava a equipa de Serviços de Projetos Arquitetónicos e era exatamente no sétimo andar que os funcionários públicos tinham a sua cantina, agora transformada em gastrobar. A vista? O Tejo, o Castelo, o Elevador de Santa Justa, a Estação Ferroviária do Rossio, mesmo ao lado, e toda a Baixa pombalina.

Na carta de bebidas do Rossio Gastrobar encontram-se 10 cocktails, cada um inspirado por um sabor diferente. Orange, Vanilla, Basil ou Peach são algumas das opções.

Desde que a intervenção foi feita que os dois edifícios passaram a estar totalmente interligados, aumentando o número de quartos do hotel de 70 para 118 e somando o gastrobar ao já antigo restaurante do Altis Avenida, chamado apenas Rossio, e cuja vista é oposta à do Rossio Gastrobar: os Restauradores. Este, situado no sétimo andar da parte antiga do hotel, foi convertido em espaço de pequenos-almoços, onde também se recebem grupos grandes ou eventos.

Em breve, este restaurante terá a mesma decoração que o vizinho gastrobar. Assinado pelas arquitetas Cristina Santos e Silva e Ana Menezes Cardoso, este último faz-nos acreditar que estamos num cenário Great Gatsby, graças aos cadeirões verdes e aos tons preto e branco, combinados com pormenores dourados, que estão presentes no espaço todo, quer no interior, quer no terraço exterior, onde os visitantes se concentram quando está bom tempo.

Logo assim que se sai do elevador há sempre uma cara simpática pronta a encaminhar o cliente para uma mesa vaga. Quem ficar no exterior, não só tem melhor vista, como pode ver de perto a solução que a equipa arranjou para não acumular pratos nas mesas estreitas. O Altis pediu à artesã Sara Bozzini para criar uma peça de nome Morsa, um suporte colocado num encaixe das mesas do exterior, para que seja possível colocar os pratos das entradas sem que estes ocupem espaço nas mesas.

Mas este não é o último adereço que brilha no Rossio Gastrobar. A cerâmica em que chegam as primeiras entradas foi feita especificamente para o restaurante, criada pelo casal brasileiroGabi Neves e Alex Hel do Studioneves; tal como os talheres são de marca portuguesa (Cutipol) e a faca de madeira com que se barra as cerejas falsas de foie gras no pão brioche é da Rival.

Esta é apenas uma das entradas que foram importadas do Feitoria, o restaurante com uma estrela Michelin comandado pelo chef João Rodrigues, no Altis Belém. Também o crocante de camarão touro, com coentros e lima faz parte do repertório do chef, que divide o protagonismo e a gestão do Rossio Gastrobar com o chef residente do Altis Avenida, João Correia, com quem tirou o curso de cozinha na Escola de Turismo e Hotelaria. A dupla de Joões volta, assim, a juntar-se num novo projeto, já depois de se terem cruzado no Casino Lisboa, e no próprio Altis Belém, até Correia ser chamado para o Altis Avenida.

O chef João Correia

A sazonalidade e a valorização do produto português (90% dos produtos são nacionais) são duas características que fazem parte da cozinha dos dois Joões e, por isso, no Gastrobar vai encontrar, a cada estação novos ingredientes e pratos que refletem os produtos da época. Este verão, os espargos brancos grelhados, queijo de vaca curado e molho holandês será uma das combinações que poderá encontrar no menu, tal como a lula com cogumelos shiitake. E porque o objetivo é mesmo partilhar vários pratos não tenha receio de pedir mais alternativas para a mesa, sendo que a salada de couve flor, húmus, sésamo e avelã e o peixe branco, curado e fumado, com cítrinos do Lugar do Olhar Feliz, são quase obrigatórios – antes de passar para a sobremesa. Há apenas três: uma mais doce, outra decadente e uma mais leve e nenhuma desilude.

Sendo este um gastrobar, a carta de bebidas ocupa um papel importante na experiência e foi pensada para acompanhar todos os produtos, havendo sugestões pré-definidas pelo restaurante para cada prato. A equipa de bar, gerida por Flavi Andrade, é já perita em contar a história dos 10 cocktails que integram a carta, cada um inspirado por um determinado ingrediente.

Nada como acabar a noite, de copo na mão, a aproveitar uma das melhores vistas da cidade. Se subir até ao Gastrobar de quinta a sábado fique a saber que há DJ e boa música para terminar o dia.

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